quinta-feira, 29 de novembro de 2018

ELOGIO DA ESQUIZOIDIA SOCIAL COMUNICATIVA


Mui Glorioso Benfica, hoje vou falar-te de mim. Falar-te daquilo que palro depois de convenientemente aparvalhada nas manicuras e nos poses de arrozes; daquilo que tento escrevinhar na minha abobalhada genética e disciplinada na flagelação submissa pelos cacetes de uma certa milícia bem treinada e doutrinada no flagício.
Sim, meu Caro Benfica, gosto de ser sovada e esmocada com fartança, gosto de ser apatanhada, adoro bordoada, vindo ela que seja daqueles penduras bordalengos em mercê de quem, farrapento, faço ouvir minha palrada.
Gosto tanto, caro Glorioso, que ser abalroada por pingados chauffeures de um arguido reincidente, assim lhe amansando a fronha ranhosa de raiva e ódio, tal como o vulgar suspeito quando é detido e se esconde dobrando a espinha, é minha suma jactância.
Quanto mais fubeca apanho na carranca, mais eu sublimo a corrupção desportiva! 
Andar de cócoras é uma oferenda e um atavio. Gosto de ser um detergente do emporcalhado criminoso e de sacudir minha cauda em festinhas salivares e nem assim evitando mais pontapé no quadril.  

Não te apoquentes, todavia, meu Glorioso Benfica! Sou uma fêmea de amores atolambados, tal aquela fêmea em que o cio assume a cantata: “quanto mais me bates, mais gosto de ti”. Chamam-me louca, mas que queres? A loucura tornou-se a minha essência nestes últimos 30 anos! À custa de cacete, de cornada, de pistolada, de compulsão verbal, mesmo de ser treinada em para-choques de tresloucados!
Mas em parte, só em parte, meu Caro Benfica! A minha maior dose de substância corpórea é canina, vem da minha génese, da elasticidade da minha espinha, do meu acocorar, do meu bifário ser adornado de uma língua esculpida para a lambedela do meu amo.

Glorioso Benfica, alguns, os distraídos, chamam-me de comunicação social!
Concedo! Sou daquele social da pilhéria, do bitaite por mim elevado a fina ironia no meu destrambelhamento alienado! Sou daquele social que faz camuflagem da verdade dos factos que eles, os finórios do crime, consideram desinteressantes! Sou daquele social que entorta os factos, as linhas, que esconde actores cujo acto representativo sai fora da intrujice que me ordenaram ocultar ou eu ocultei por reverência de “fiel amigo”!
Uma coisa te juro! Fruta não sobra p’ra mim, é pitéu demais para meus pergaminhos adulatórios! O meu pilheriar não o merece, concedo!
Mas nem por isso te deixo de dedicar devoção sacrílega, assim me acostumou a minha pantomineira hereditária!

Meu Caro Benfica, te confesso e me confesso! Na minha loucura sou uma ditosa flagiciosa. Encomendo plagiadores e troca-tintas de factos históricos. Por mor deles, presuntuosa me doutorei na censura do Benfiquismo.

Volto a repetir-te! A minha loucura é a razão proporcional da minha felicidade. Sem ela, quem seria feliz? Nem eu e os meus fantoches, que dela gozamos, nem o imenso povo sábio que gosta sempre de ter um adorno de charlatanice como só eu sei proporcionar-lhe!

Ora pois, para que te atormentas em afiançar a minha entranhada hipocrisia?!
Eu sou uma louca, já te disse, que mais podes esperar de minha pilhérica vivência?!   
A mim me consola tua atenção, a atenção que prestas a charlatães tão como eu!
Essa do meu encarapinhado, almofadado esquizoide, pensar que é anjo quem age e demónio quem reage só serve para enfeite do bobo!

Também te zangas, caro Glorioso, só porque usamos e abusamos da nossa compulsiva e aloucada distorção dos factos e do nosso obsceno encobrimento dos socos nas costas, à traição que é o ADN do covarde traidor, bem como das mesuras de punhos de celerados de costas quentes pela milícia, em frente do rosto de pessoas de bem?
Lá aquela de estar quási, quási indigente, desculpa lá, meu Caro Benfica, não foi descuido nosso! Repara, não é só o facto de me terem partido vários microfones nos costados e que agora me fazem falta! Nem outros lançados ao charco! 
É que eu, em minha loucura aprazerada, sou apenas uma caveira, bem o sabes! Uma caveira acocorada, lambe-botas, de cauda descaída por vezes, a abanar em outras tantas, de orelhas alevantadas ou dependuradas, tudo depende do humor do amo e de minha traquinice.

Como vais notando, meu Caro Benfica, em todo o ponto de minha ranzinza gosto de estar em contacto com a cloaca dos vícios da podridão e da conspurcação da verdade desportiva! Claro que não iria revelar as torpezas e infâmias de meus amásios!
Mostrar o meu ridículo? Pois claro! Se estás descontente – e não deves estar porque eu para ti e para mim não sou mais do que uma pária – observa pelo menos como é bonito e vantajoso ser louca como eu!  
Que me importa que os homens bons, os Benfiquistas, costumem ferir a minha reputação?!
Eu sei muito bem, na minha loucura, que o meu nome soa mal aos ouvidos das pessoas honestas mas sou a única que, assim sendo, consigo alegrar os mortais, que a festa da minha bobagem só pode provocar e provoca uma desusada alegria na minha minguada plebe bacoca!

Glorioso Benfica, ninguém poderá pintar-me com mais fidelidade canina do que eu própria!
Concordo, o Benfiquista nem me lê, nem me escuta, nem me vê! Mas os aduladores da minha bajulação, esses ostentam logo penas de pavão, levantam a crista e apresentam-me como modelo absoluto de todas as virtudes caninas!
Aquele, é gente ingrata!
Estes, uns perversos velhacos que prezam, farroupilhas e a minha esquizoidia compulsiva p’rá louquice!

Caro Glorioso Benfica, por fim te digo. Os parasitas, ladrões, proxenetas, sicários, boçais, estúpidos, falidos, criminosos, enfim, toda a escória do mundo desportivo têm, na minha loucura, muito mais imortalidade do que o meu Caríssimo Glorioso!
Mandai a justiça tornar-se Justiça, a verdade cumprir a Verdade e vereis, enfim, o fim de minha esquizofrénica pantomima!

Não vos acanheis, Glorioso Benfica! 

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