Ensinaram-nos, os
nossos Professores e a experiência que resulta da aprendizagem da vida, que os
séculos são designados por um número romano redondo. Falamos, por exemplo, de
séc. V a.c., séc. V d.c. (ou simplesmente séc.V), século XI, séc. XV, séc.
XVIII, séc. XX, séc. XXI …
Ou seja, ao longo de
toda a História, os séculos são sempre designados por períodos de 100 anos, a começar
no ano 1 desse século e a terminar no ano 100. Há quem pense o contrário mas a
esmagadora maioria entende que o acertado é que, por exemplo, o séc. XX começou
em 1 de Janeiro de 1901 e terminou em 31 de Dezembro de 2000. Assim teria
acontecido com todos os séculos anteriores e penso não haver grandes
discrepâncias de opinião, conquanto se tenham lido e ouvido alguns, muito
minoritários, testemunhos a pretenderem que o século XXI teria começado a 1 de
Janeiro de 2000.
Esta designação
factual secular é, salvo sempre melhor, completamente convencional e,
consequentemente, consensual.
Leu-se por aqui e por
ali – e leu-se porque não se perde tempo frente a ecrãs de fantoches e a
vómitos de baboseiras – que a FPF teria feito há poucos dias uma gala a
comemorar não sei o quê – talvez a sua endémica incompetência e parcialidade
quase imemorial!
E foram-se lendo
assim alguns nacos de títulos na internet e nas ditas “redes sociais”, nas quais me sobressaiu uma hipotética votação
sobre o melhor jogador português de futebol do século, com eleição de Cristiano
Ronaldo para o título, com mais 1% do que Eusébio da Silva Ferreira, a Imortal
Pantera Negra do século XX.
Que a FPF – com seus
acólitos adestrados na babujaria da cantilena oratória previamente doutrinada –
tenha feito o seu evento e a sua votaçãozinha não é nada que incomode o comum
dos mortais alheios à sua inexistência supostamente existente. Já a pretendida
e descabida junção de Eusébio e Ronaldo é que nos intriga, embora o ramalhete
desbotado num evento bafiento só possa ter palavreado que almeje alguma
ressonância com o nome do único VIVO em meio de tantos “mortos”.
E incomoda-me tal
junção, não para criar ou recusar os méritos ou deméritos devidos a cada um dos
dois votados, mas em função da secularização engendrada para o efeito. De
facto, sei lá como se pode juntar candidatos à eleição do “melhor jogador do
século”, quando um foi jogador no séc. XX e outro é jogador no séc. XXI?
Vejamos o que reza a
História.
Eusébio, a Imortal “Pantera
Negra”, foi jogador de futebol inquestionavelmente no séc. XX.
Cristiano Ronaldo é
jogador de futebol inquestionavelmente no séc. XXI, pois começou a sua carreira
profissional no ano de 2001, ano que sendo, sem voz contraditória, também inquestionavelmente
do séc. XXI, já não contava, infelizmente, com Eusébio como jogador de futebol.
Eusébio e Cristiano
Ronaldo nunca foram, pois, jogadores do mesmo século!(1)
Não interessa muito
falar sobre a carreira de cada jogador, cada um em seu século. Um, jogando
sempre num clube português, longe do poderio económico e, especialmente,
mediático de que actualmente goza o outro. Como factos Históricos, podem
assinalar-se os mais preponderantes da carreira de cada um destes dois
jogadores, encadeados contra a História e as Convenções no mesmo século. Factos
esses que são convenientemente escamoteados pelos envergonhados autores de tais
eventos e seus doutrinados serventes.
A votação e seu dito
resultado é o menos, tão mirabolante e falha de credibilidade os mesmos se
apresentam.
Assinale-se que
Eusébio foi o único jogador de futebol português que ganhou uma Bola de Ouro da
FIFA ao serviço de um clube português.
Assinale-se que
Eusébio – na sua mais curta carreira de jogador por força de circunstâncias que
envergonhariam os antecessores dos autores dos actuais inventores, se a
vergonha fosse hereditária e não o foi porque nunca foi acervo de herança
alguma dos mesmos – cumpriu em toda a sua carreira profissional 571 jogos e
marcou 574 golos.
Cristiano Ronaldo fez
600 jogos e marcou 414 golos.
Nem é preciso fazer
médias para comparar UM deles com arrebentadiços e mui cacarejados recordes de
outro.
Assinale-se que, pela
seleção nacional, Eusébio fez 64 jogos e marcou 41 golos – média de 0,64
golos/jogo.
Cristiano Ronaldo fez
118 jogos e marcou 52 golos – média de 0,44 golos/jogo.
Quanto aos votantes,
certamente muitos deles nem cueiros ainda usavam quando Eusébio jogava.
Ignorantes por vocação, devoção ou doutrinação, faziam a cruz na badalação que
lhes zunia aos ouvidos.
Criticaram Tavares –
aquele que quer lhe chamem Miguel e que tanto escrevinhou contra as suas ditas
choradeiras dos Benfiquistas contra as arbitragens e que actualmente é o maior
chorão das mesmas – por ter escrito que uma Imperatriz Brasileira, falecida em
1826 teria assinado o decreto que colocou em vigor a Lei Áurea – abolição da escravatura
no Brasil – em 1888!...
Não sei se os críticos
agiram bem ou mal. Tavares – aquele que quer lhe chamem Miguel – é livre de
fazer ou tentar ressuscitar dos mortos quem quer!
Eusébio da Silva
Ferreira, a Gloriosa Pantera Negra, não precisa de ser ressuscitado porque é IMORTAL,
nunca MORRE ao contrário dos fazedores de tais eventos, eles já mortos da
História antes da sua morte natural.
Será que os fazedores
destes eventos contam como século 0s 100 anos que decorreram desde o ano de 1915
até ao ano de 2014? Parecendo-me que um século tem 100 anos mas 100 anos não
são um século, fica pelo menos a esperança para muitos que se julgaram ou
julgam injustiçados!
Por este prisma, para
o ano há mais! E para o outro, idem!...
Esteja assim
descansado o FC Porto quanto a Pedroto! É verdade que ele também não foi do
século de Cristiano Ronaldo!
Mas, para o ano, quem
sabe?! …
(1) - O Grande Benfiquista Carlos Alberto, no seu blogue "Benfiliado", já mui sapientemente o assinalou.