Tenho a certeza de
que não ficas surpreendido por ter-te apodado de mini e de que o diminutivo
nominal por que te deixaste apelidar não corresponde à tua hominalidade, ao
contrário de que pensávamos, os Benfiquistas, até há uns tempos atrás. Faço-te,
ao menos, a mercê de crer que não és tão estúpido como o deixam transparecer os
teus actos e palavras e que, excepcionalmente na comprovação natural da regra,
consegues uma catarse nesse teu estado essencial em que descobres alguma luz,
pardacenta embora.
Mais à frente te
explicarei o por quê, o meu por quê, desse apodo. Antes, todavia, a minha “carta
de interesses”.
Não me move a mínima
inveja ou o menor ressentimento por teres deixado o Glorioso Benfica e por
teres ido para onde quer que quisesses, incluindo o clube, o único clube que,
em Portugal, carrega o estigma de ter sido condenado por corrupção desportiva
tentada.
De facto, o
Benfiquismo de que todo o Benfiquista é imbuído desde o berço não se preocupa
com coisas mesquinhas desse jaez. O Benfiquista tem um Clube Glorioso que lhe
enche em plenitude todo o seu ser, não precisa nem lhe cabe, por manifesta
deficiência de espaço sentimental, lugar para lá desse Benfiquismo.
Certamente que irás
notar essa diferença, mais vezes irás ouvir falar do Glorioso entre os que ora escolheste
do que do aplauso ao esforço em que tu e teus companheiros estejam empenhados.
É a abissal diferença entre os que têm uma Bandeira Gloriosa própria e os que
só têm o Anti para se embeberem.
Após cumprires o acordo
laboral a que em liberdade plena de consciência, crê-se, te submeteste, eras
livre de escolher a via que desejasses, nela incluída a de mudar de entidade
patronal. Só que havia duas maneiras à tua disposição para o fazeres: uma, a de
escolheres alternativa com dignidade, digamos, à Homem; outra, a que resolveste
adoptar e que se casa muito bem com a pequenez de atitude.
Desde que, e já lá
vai muito tempo, tempo demais na minha opinião, te recusaste a renovar
contrato, podias ter-te assumido, fazendo jus ao maxi, esclarecendo de vez que
querias mudar de ares, como sempre quiseste! Era teu direito!
Escolheste o empata
recheado de hipocrisia com que ias parlapateando de vez em quando. Isto já não
está no teu direito mas na essência, já redita, do teu ser. É acção de tua
exclusiva responsabilidade, ficas com ela.
Tantos e tantos que se
mudaram do Benfica em glória, que manifestaram ao Benfica o desejo de sair e ir
trabalhar para outras bandas e a quem o Benfica nunca tolheu, alguns mesmo ainda
em tempo de obrigatoriedade laboral e se foram sem outra exigência que a
hombridade! Porque procederam com dignidade, como Homens!
Por isso, ficaram e
ficarão sempre na História do Glorioso!
Tu, mini Pereira,
não!
Se não fosse exigir
mais de ti, que nem sei se o que tens por teu empresário te informou ou não –
já agora, aproveito para te dizer que, nesse aspecto, escolheste a dedo, um
espelho fiel do que te vieste a revelar – saberias que o Benfica nunca entra em
leilões, pelo que não tens sequer o direito de te considerares surpreendido.
Será que, em oito
anos, nunca ouviste o Presidente do Glorioso e teu patrão dizê-lo e repeti-lo
milhentas vezes?!
No Benfica só fica
quem deseja ficar no Benfica! Quem não deseja vai à vida dele!
O Benfica já perdeu
muitos Heróis! É a lei da vida! E sempre continuou cada vez mais engrandecido,
Maior, tão Maior que até chegou e é o MAIOR CLUBE DO MUNDO no que a sócios,
adeptos, simpatizantes e amor clubístico diz respeito!
E tu, mini Pereira,
nem sequer quiseste ser um desses Heróis! E não por teres saído mas por saíres
sem dignidade para assumir que esse era o teu desejo desde há muito!
Contrariando,
possivelmente, algum pensamento Benfiquista mais acrítico, quero terminar, mini
Pereira, dizendo que não te agradeço nada, que não te agradeço teres ajudado a
conquistar títulos para o Glorioso Benfica.
Fizeste apenas a tua
obrigação, trabalhando para o teu Patrão que sempre e a horas te pagou tudo o
que te era devido! Se, e apenas neste último pormenor, vieres a ter a mesma
sorte no futuro, tal não me incomoda nada! Mas, cuidado …
Tu, sim, é que deverias
agradecer, se é que os Benfiquistas esperavam algum agradecimento, o “colinho”
fervoroso com que eles sempre te apoiaram, a ti e aos teus companheiros de
labuta.
Estás mais do que pago, portanto!