“Só haverá a lamentar que os eventuais conselhos matrimoniais prestados a Jorge Sousa não sejam já do domínio público”
16 de Fevereiro, 2019Foi uma boa semana da comunicação do Benfica. E nem foi preciso suar para que tudo corresse de feição.
Foi, por outro lado, a pior semana da
comunicação do FC Porto desde que entraram em vigor as coordenadas nascidas
daquele concílio com o Sporting num quarto de um hotel em Lisboa e fotografado
à socapa pelos serviços secretos sabe-se lá de quem. Antes de revisitarmos os
passos trocados da comunicação do comandante da Liga desde o preciso instante
em que Jorge Sousa deu por findo o jogo em Moreira de Cónegos, 100 minutos
depois do apito inicial, é justo proceder ao reconhecimento do supremo
laconismo do treinador Benfica ao longo da semana.
Até
no futebol-falado da guerrilha ocorrem, por vezes, situações, em que menos é
mais.
Recapitulemos, então, o minimalismo
do antigo treinador da equipa B da Luz.
Sobre a goleada imposta ao
adversário da 21.ª jornada do campeonato, disse: “O Benfica são as pessoas.”
Quanto à interdição do Estádio da Luz por 4 jogos por requisição do Sporting –
…e que lhe valerá por outros 4 títulos a reconhecer pela Assembleia da
República –, afirmou Lage, sem dramas: “Jogaremos onde quer que seja.” No que
diz respeito à primeira vitória do Benfica em solo turco com recurso a mais de
meia-equipa de garotada formada em casa, anunciou burocraticamente: “Amanhã há
treino.”
E basta porque o importante é
vencer no campo e, vencendo no campo, quanto menos conversa e menos
explicações, melhor.
Outros, porém, não vencendo no campo no decorrer de uma semana (atípica),
viram-se forçados a um registo inaudito de conversas a mais e, sobretudo, de
explicações a mais.
E, assim, lá foi obrigado – pelas
circunstâncias e pelo patronato – o treinador das crianças do FC Porto a vir a
terreiro explicar ao país as razões ponderosas e sábias que o levaram a excluir
o Félix da “cantera” local e a despachá-lo para o Padroense.
Como se não bastasse, no dia
seguinte, lá se viu forçado – pelo patronato e pelas circunstâncias – o valente
defesa central Filipe a vir a terreiro acrescentar à explicação oficial
fornecida por F. J. Marques a sua própria explicação oficiosa para o gesto
(atípico) que dirigiu ao seu treinador mal terminou o jogo em Roma.
Numa
semana menos risonha em termos de resultados, de linguagem gestual e de outras
coisas – bem melhor na delação do que na competição estiveram, por exemplo, os
parceiros do Altis –, deu-se por feliz o patronato por não ter de dar
explicações a ninguém.
Patrão é patrão. Fala quando quer
e visita quem quer sem que lhe exijam carta de intenções. E se foi à cabina dos
árbitros no fim do jogo em Moreira de Cónegos só haverá a lamentar que os
eventuais conselhos matrimoniais prestados a Jorge Sousa não sejam já do
domínio público porque muita gente, árbitros e não-árbitros, beneficiaria
certamente com tanto “know-how” acumulado.
Isto é que não foi nada atípico.
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