sábado, 6 de fevereiro de 2010

Carta a El-Rei, D. Luís Filipe

As pacovices da semana

Sabe Vossa Alteza, El-Rei da Grande Pátria Benfiquista, D’Aquém e D’Além-Mar que, em honra das armas e das divisas de Sua Majestade, o seu Mui Nobre Reino pratica a Fé, a Esperança e a Caridade.
Estas Mui Nobres Virtudes do Evangelho do Símbolo da Águia Gloriosa e Altaneira plasmam-se no Vosso Reino Benfiquista como um dom metafísico do seu existir ontológico.

A Fé e a Esperança são os dons que, inscritos nos Santos Evangelhos que compõem o Antigo e o Novo Testamento do Benfiquismo e pregados pelos Seus Apóstolos, preenchem os recônditos da Alma Benfiquista dos Teus humildes súbditos.
A Caridade é o dom que estes humildes fiéis do Teu Reino, sob inspiração de Vossa Alteza, praticam devotadamente para com os degradados ontófagos, infiéis cuja vivência nestas terriolas vizinhas do Vosso Augusto Reino nos confrange pela sua nudez de gentios das cavernas e, por mais que Vossos devotados Apóstolos os tentem converter à única e verdadeira Fé com as suas sacrossantas e inflamadas prédicas do bom-senso, ainda não conseguiram passar além da sua entranhada esterquice.

A caridade, Majestoso Rei de seu tão Majestoso Reino, é o dom que este humilde servo ousa dever pedir-Vos que ordenais seja a prioridade dos Vossos Apóstolos para a conversão final dos estercorários Tavares, Moreira e Aguiar.
De facto, no seu acrimonioso achinfrinar, cada qual escreve ou vomita tolices pegadas que, se ficam a condizer com o seu ser e viver, não são suportáveis à luz da Caridade do Vosso Reino Majestoso.

Tavares escreve, por exemplo, que os réus do túnel da Luz estão trocados e tem razão, Augusto Rei. Lá deviam assentar os nadegudos “papa” condenado e a cumprir pena e seu acólito sacristão, o mestre-escola Jesualdo, que estes não têm sabido lidar as bestas, metê-las em ordenha nos curros e arredondar-lhes as antenas para a pega.

Aguiar revela-se um emérito açulador contra o benemérito colocador das escutas na audição do mundo inteiro. Neste mui pobre particular, Augusta Majestade, usai de toda a Vossa magnanimidade e perdoai-lhes que eles se esgadunhem contra os sons e se arrepimpem dos conteúdos.

Moreira aventura-se mesmo a ser um comicieiro burlesco, tal o atormentamento que acomete o seu delinquido, indigente e infiel pensamento. Assim, no transvario do seu pungimento, até já vai gesticulando no seu grunhideiro ululante um arvoamento de gritadeira “às armas, às armas, aqui del-rei, já uma assembleia-mor”!...
E termina com uma profissão de fé nativa e infiel, contrária aos Evangelhos do Benfiquismo de que Vós sois o mais Alto Guardião. Na sua ululação, vocifera que acabar é preciso com o domínio dos altos Céus que a Vossa Águia insigne ousa dominar!

Venerando Rei, estes infiéis do paganismo conspurcado com o atoleiro da corrupção, em estultilóquios de tonterias que lhe obnubilam todo o discernimento da realidade em que se afundaram, adejam no mundo das trevas do paganismo e ainda não viram a Luz!

A ajuntar a estes infiéis pagãos, tens de colocar na tua mira do perdão o infiel Bettencourt, tão infiel ao seu clube que prometeu alegrias e foi ao Carnaval do Rio!
E deixa a sua equipa na alegria das cabazadas por atacado!
Este bruto infiel esquece a palavra, tanto quanto esquece que o colonialismo a que o gentio e seu infiel antepassado Roquette submeteu o seu clube, no acordo de protectorado militante com o reino da corrupção futebolística, só concedia aos nativos indígenas as migalhas da esterqueira em que vão vegetando na sua infesta religião.
Bettencourt manda às malvas a acribologia do seu impulso promissório e, numa peroração infiel contra os seus antepassados, mais do que contra o seu corrupto colonizador, mostra-se arreminado até contra as suas propriedades que não quer cheias mas sempre a menos de meia haste. Bettencourt prefere arremediar-se com a sua pobreza de gentes do que aceder a vender os bilhetes que lhe matam a fome.

Meu Nobre Rei e Senhor, sabe Sua Alteza muito bem como terminam as profissões de fé dos gentios que vivem mergulhados no paganismo. Elas até conseguem cumprir-se algumas vezes, mesmo que advenham dum obnóxio e num engasgo fedúncio, como sequelas das arremetidas dos adeptos à saída de velório de soledade a treinadores “forever” que talvez tenham ido “forever” e que provocam um furor de peito feito e mangas arregaçadas à trauliteiro!

Termino a minha prédica já longa, não querendo importunar mais Sua Alteza, Meu Rei, com as minhas encomendações.
Porém, ao acabar, peço humildemente a Sua Majestade, El-Rei D. Luís Filipe da Grande e Mui Nobre Pátria Benfiquista, D’Aquém e D’Além Mar, que use de toda a Sua Magnanimidade Caridosa, que continue a ser um excelso acribólogo nos Seus Decretos Reais.
Com a humildade devida por um Vosso súbdito fiel, Vos peço pois que, na Vossa Régia Bênção e na Penitência que acheis por bem conceder, ordeneis aos Vossos súbditos que executem uma infundice adequada a tão grande e variegada patetice de uns infiéis gentios que não ousam ouvir os Vossos Evangelhos do Benfiquismo, apesar da mui esforçada pregação dos Vossos Fiéis Apóstolos.

Com Vossa Mercê,

PERO VAZ DE CAMINHA

6 comentários:

  1. E quem escreve assim...merece um grande aplauso

    Bom FDS
    .

    ResponderEliminar
  2. Assino por cima da águia_livre.

    SAUDAÇÕES GLORIOSAS

    ResponderEliminar
  3. Por fim temos novas do Grande PERO VAZ DE CAMINHA.

    A Ultima carta que dele recebemos foi escrita ainda em Terras de Vera Cruz, mais propriamente de Porto Seguro.

    Esta, já deve ter sido enviada desde a India por emissário fiel.

    Apesar de estar o PERO desde há muito longe do seu Reino, nota-se que está informado ao minuto do que por cá se passa. Deve ter ao seu serviço excelentes pombos correios!!!

    ResponderEliminar
  4. Boa tarde, meus caros!

    Estariam interessados em fazer uma troca de links? Contactem-me a dizer se aceitam a proposta. Eu colocarei de imediato o vosso link no meu blog:

    http://conspiracoesetal.blogspot.com/

    Cumprimentos,
    O Conspirador

    ResponderEliminar
  5. Boas...
    Bom, do senhor Pero Vaz de Caminha ainda não conhecia, creio eu, a escrita, e por momentos pensei que era inclusivé do Gil Vicente, tal escrito. Parabéns. O que é que se pode dizer?
    Olhe, acrescento só ao que já disse ao senhor Gil Vicente que para vos ler tenho que fazer outra licenciatura, em português erudito, que não imagino, de todo, onde se encontram tais palavras, que isto para ser lido tem que ser com um dicionário ao lado.
    Abraço ao Pero V. Caminha e ao Gil Vicente.

    Márcio Guerra, aliás, Bimbosfera

    http://Bimbosfera.blogspot.com

    ResponderEliminar
  6. é sempre um prazer enorme ler estes maravilhosos escritos .....
    Fantastico

    Um beijinho
    ..

    ResponderEliminar