segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Os mortos-vivos do Séc. XXI?

Ensinaram-nos, os nossos Professores e a experiência que resulta da aprendizagem da vida, que os séculos são designados por um número romano redondo. Falamos, por exemplo, de séc. V a.c., séc. V d.c. (ou simplesmente séc.V), século XI, séc. XV, séc. XVIII, séc. XX, séc. XXI …
Ou seja, ao longo de toda a História, os séculos são sempre designados por períodos de 100 anos, a começar no ano 1 desse século e a terminar no ano 100. Há quem pense o contrário mas a esmagadora maioria entende que o acertado é que, por exemplo, o séc. XX começou em 1 de Janeiro de 1901 e terminou em 31 de Dezembro de 2000. Assim teria acontecido com todos os séculos anteriores e penso não haver grandes discrepâncias de opinião, conquanto se tenham lido e ouvido alguns, muito minoritários, testemunhos a pretenderem que o século XXI teria começado a 1 de Janeiro de 2000.

Esta designação factual secular é, salvo sempre melhor, completamente convencional e, consequentemente, consensual.


Leu-se por aqui e por ali – e leu-se porque não se perde tempo frente a ecrãs de fantoches e a vómitos de baboseiras – que a FPF teria feito há poucos dias uma gala a comemorar não sei o quê – talvez a sua endémica incompetência e parcialidade quase imemorial!
E foram-se lendo assim alguns nacos de títulos na internet e nas ditas “redes sociais”, nas quais me sobressaiu uma hipotética votação sobre o melhor jogador português de futebol do século, com eleição de Cristiano Ronaldo para o título, com mais 1% do que Eusébio da Silva Ferreira, a Imortal Pantera Negra do século XX.

Que a FPF – com seus acólitos adestrados na babujaria da cantilena oratória previamente doutrinada – tenha feito o seu evento e a sua votaçãozinha não é nada que incomode o comum dos mortais alheios à sua inexistência supostamente existente. Já a pretendida e descabida junção de Eusébio e Ronaldo é que nos intriga, embora o ramalhete desbotado num evento bafiento só possa ter palavreado que almeje alguma ressonância com o nome do único VIVO em meio de tantos “mortos”.
E incomoda-me tal junção, não para criar ou recusar os méritos ou deméritos devidos a cada um dos dois votados, mas em função da secularização engendrada para o efeito. De facto, sei lá como se pode juntar candidatos à eleição do “melhor jogador do século”, quando um foi jogador no séc. XX e outro é jogador no séc. XXI?
Vejamos o que reza a História.

Eusébio, a Imortal “Pantera Negra”, foi jogador de futebol inquestionavelmente no séc. XX.
Cristiano Ronaldo é jogador de futebol inquestionavelmente no séc. XXI, pois começou a sua carreira profissional no ano de 2001, ano que sendo, sem voz contraditória, também inquestionavelmente do séc. XXI, já não contava, infelizmente, com Eusébio como jogador de futebol.
Eusébio e Cristiano Ronaldo nunca foram, pois, jogadores do mesmo século!(1)


Não interessa muito falar sobre a carreira de cada jogador, cada um em seu século. Um, jogando sempre num clube português, longe do poderio económico e, especialmente, mediático de que actualmente goza o outro. Como factos Históricos, podem assinalar-se os mais preponderantes da carreira de cada um destes dois jogadores, encadeados contra a História e as Convenções no mesmo século. Factos esses que são convenientemente escamoteados pelos envergonhados autores de tais eventos e seus doutrinados serventes.
A votação e seu dito resultado é o menos, tão mirabolante e falha de credibilidade os mesmos se apresentam.

Assinale-se que Eusébio foi o único jogador de futebol português que ganhou uma Bola de Ouro da FIFA ao serviço de um clube português.

Assinale-se que Eusébio – na sua mais curta carreira de jogador por força de circunstâncias que envergonhariam os antecessores dos autores dos actuais inventores, se a vergonha fosse hereditária e não o foi porque nunca foi acervo de herança alguma dos mesmos – cumpriu em toda a sua carreira profissional 571 jogos e marcou 574 golos.
Cristiano Ronaldo fez 600 jogos e marcou 414 golos.
Nem é preciso fazer médias para comparar UM deles com arrebentadiços e mui cacarejados recordes de outro.

Assinale-se que, pela seleção nacional, Eusébio fez 64 jogos e marcou 41 golos – média de 0,64 golos/jogo.
Cristiano Ronaldo fez 118 jogos e marcou 52 golos – média de 0,44 golos/jogo.

Quanto aos votantes, certamente muitos deles nem cueiros ainda usavam quando Eusébio jogava. Ignorantes por vocação, devoção ou doutrinação, faziam a cruz na badalação que lhes zunia aos ouvidos.



Criticaram Tavares – aquele que quer lhe chamem Miguel e que tanto escrevinhou contra as suas ditas choradeiras dos Benfiquistas contra as arbitragens e que actualmente é o maior chorão das mesmas – por ter escrito que uma Imperatriz Brasileira, falecida em 1826 teria assinado o decreto que colocou em vigor a Lei Áurea – abolição da escravatura no Brasil – em 1888!...

Não sei se os críticos agiram bem ou mal. Tavares – aquele que quer lhe chamem Miguel – é livre de fazer ou tentar ressuscitar dos mortos quem quer!

Eusébio da Silva Ferreira, a Gloriosa Pantera Negra, não precisa de ser ressuscitado porque é IMORTAL, nunca MORRE ao contrário dos fazedores de tais eventos, eles já mortos da História antes da sua morte natural.



Será que os fazedores destes eventos contam como século 0s 100 anos que decorreram desde o ano de 1915 até ao ano de 2014? Parecendo-me que um século tem 100 anos mas 100 anos não são um século, fica pelo menos a esperança para muitos que se julgaram ou julgam injustiçados!
Por este prisma, para o ano há mais! E para o outro, idem!...
Esteja assim descansado o FC Porto quanto a Pedroto! É verdade que ele também não foi do século de Cristiano Ronaldo!

Mas, para o ano, quem sabe?! … 



(1) - O Grande Benfiquista Carlos Alberto, no seu blogue "Benfiliado", já mui sapientemente o assinalou.