Não é segredo para ninguém,
não é segredo para o Povo deste país, não é segredo para o Povo Benfiquista,
não é segredo que o 25 de Abril, o 25 de Abril da Libertação não chegou ao
futebol português.
E por não ter chegado ao
futebol português é que um certo clube pôde montar todo um sistema de corrupção
em seu favor, toda uma mordaça sobre a liberdade de opinião e, mais grave
ainda, sobre a liberdade de decisão.
Sir Alex Ferguson disse um
dia que o FC Porto comprava os seus campeonatos no supermercado. Não disse nada
que em Portugal se não soubesse e não estivesse sobejamente comprovado.
Demorou algum tempo, mas é
agora um Juiz Conselheiro Jubilado, um ferrenho adepto do clube que montou o
sistema da mordaça e da corrupção desportiva, com lugar cativo no estádio, que,
com todas as letras e com uma simplicidade e uma clareza de raciocínio invulgares, vem
sublinhar e realçar as verdades pronunciadas pelo treinador de futebol mais
famoso do mundo.
O Juiz Conselheiro Herculano
Lima, adepto ferrenho do FC Porto, escreve com toda a transparência, no seu
voto de vencido no acórdão que condenou Jorge Jesus, esta frase lapidar que não
deixa dúvidas a ninguém sobre o seu pensar:
«Dessa falta, muito grave e
indiscutível, resultou a vitória do clube visitante e a consequente
vitória do campeonato, por parte do clube que beneficiou daquele erro».
As palavras são límpidas,
têm sentido unívoco, não necessitam nem compreendem outra interpretação porque
dizem tudo!
Quem as escreve é um adepto
ferrenho do “clube que beneficiou daquele erro”, daquela “falta muito grave e
indiscutível”, dessa “falta” de que “resultou a vitória” desse mesmo clube de
que é ferrenho adepto.
E é esse adepto ferrenho do
FC Porto que conclui, com igual singeleza e univocação e, por que não, bastante
nobreza, que “dessa vitória”, consequência directa e necessária daquela “falta
muito grave e indiscutível” do árbitro auxiliar, também resultou a “consequente
vitória do campeonato”.
Mas o Senhor Juiz
Conselheiro reforça ainda o seu pensamento:
«Estamos, assim, perante uma
situação em que a arbitragem contribuiu, por forma decisiva, para a adulteração
do resultado desportivo».
«Indiscutível é … que foi
cometido “um gravíssimo erro funcional” que prejudicou gravemente o
clube da casa».
O Juiz Conselheiro Jubilado
Herculano Lima, adepto ferrenho do FC Porto e com lugar cativo no estádio de
futebol deste clube, disse, sem peias ou rodeios, não que foi o seu clube que
comprou o campeonato mas que foi a arbitragem que lho vendeu, o que vem dar ao
mesmo e confirmar Sir Alex Ferguson!
De facto, se há uma compra,
há necessariamente uma venda, como consequência directa e inevitável,
implicando estas, de igual modo, a existência de comprador e de vendedor.
Para aqueles que tanto se
esforçam por fazer uma barrela infrutífera e ineficiente que lave a corrupção
desportiva que grassa no futebol português de há 30 anos para cá, vai ser um
problema de argumentação. É que agora foi um dos seus, certamente envergonhado
com tudo o que se passou e passa ainda, a fazer coro com os Benfiquistas e com
todos os que quiserem ter algum resquício de vergonha, de dignidade, de
seriedade e de boa-fé.
A grande maioria dos
campeonatos ganhos pelo FC Porto foram falsificados, fruto da “fruta” e da
corrupção desportiva que Pinto da Costa, seu presidente, instituiu neste país com
os seus cavalos de Troia.
Consagra o acórdão no seu
palavreado que «as declarações de Jorge Jesus são objectivamente susceptíveis
de atingir a honra e a reputação do árbitro auxiliar», conquanto assinale que «o
erro do árbitro auxiliar aconteceu mesmo»!
As declarações de Jorge
Jesus, segundo ainda o acórdão, foram as seguintes:
«Se ele não marcou, não foi
porque não viu, foi porque não quis».
O Juiz Conselheiro Jubilado,
adepto ferrenho do FC Porto e com lugar cativo no estádio de futebol deste,
escreve no seu voto de vencido, entre muitas outras coisas:
«o árbitro em causa tinha
todas as condições para ver a falta e tinha a obrigação funcional de o fazer, e
não fez, “por motivações que só ele sabe”».
E agora, senhores membros
vencedores do CD da FPF?
Também vão castigar o Senhor
Juiz Conselheiro Jubilado, vosso Presidente?
Além da diferente
formulação, onde descortinam a diferença entre o que disse Jorge Jesus e o
Senhor Juiz Conselheiro acerca da actuação do árbitro auxiliar “que tinha
todas as condições para ver”?
Se tinha todas as condições
para ver a “falta muito grave e indiscutível”, então viu!
E, se “tinha a obrigação
funcional de o fazer, e não fez” é o mesmo que dizer que ele tinha a
obrigação de assinalar a “falta muito grave e indiscutível”!
Mas ele não a assinalou, “não
o fez”, acrescenta o Senhor Juiz Conselheiro, “por motivos que só ele sabe”!
Isto é, foi porque não
quis assinalar essa “falta muito grave e indiscutível” que vendeu mais um
campeonato ao FC Porto.
Esperamos agora que os
senhores membros do CD da FPF sejam coerentes, apliquem a sua tese sem olhar a
quem – a Justiça é (devia ser) cega - muito embora também saibamos bem que
teríamos de esperar muito tempo sentados, eternamente para sermos mais precisos,
até que, por efeito de algum milagre, leve resquício de coerência vos
assaltasse.
Noutro passo do acórdão
também ele muito interessante, escreve-se que «estão vedados aos agentes do
jogo juízos de valor»!
Quem são estes agentes do
jogo?
Só os treinadores, jogadores
e pouco mais?
Os árbitros não são agentes
do jogo?
Em toda a conferência de
imprensa pós jogos, em todas as declarações de jogadores e treinadores, juízos
de valor são a única coisa que é produzida por estes agentes do jogo!
Aliás, são juízos de valor
unicamente aquilo que lhes é pedido pelos jornalistas que os questionam!
Por conseguinte, o que o acórdão,
os membros que votaram a favor, quis dizer é que essa proibição de juízos de
valor só abrange os que forem feitos aos árbitros, os principais e os
auxiliares!
Razão, toda a razão, tem,
pois, o Senhor Juiz Conselheiro Jubilado, quando escreve:
«Ao que transparece do
acórdão em causa, os árbitros são autênticos deuses que não podem ser
criticados, sendo as suas decisões intocáveis …»
É esta a “prevenção geral”
que os fazedores do acórdão pretendem salvaguardar?
É esta a sua prevenção geral
cujo “geral” é um geral menos geral porque os deuses estão fora do geral?
Efectivamente, os tiranetes
da mordaça não são os árbitros, são indivíduos sem verticalidade e sem honorabilidade
que, dando como assente uma falta muito grave e indiscutível, não sancionam
quem a comete!
E torna-se-lhes, então, verdadeiramente
natural à sua seriedade rasteira não castigar os ofensores mas os ofendidos por
terem, precisamente, tentado defender a sua honra.
Mas honra é palavra que não
conhecem, quanto mais as qualidades que a ela estão associadas.
São estes tiranetes os
principais defensores da corrupção desportiva em Portugal porque protegem os
que, ao serviço dessa corrupção e por ela corrompidos, desvirtuem a verdade
desportiva e vendem campeonatos.
Não sou eu que o digo, foi o
Senhor Juiz Conselheiro Jubilado, adepto ferrenho do clube corruptor, quem bem
claramente o afirmou e demonstrou.
Confesso que o Senhor Juiz
Conselheiro Jubilado, Dr. Herculano Lima, só me surpreendeu em parte, naquela
parte do ferrenho adepto porque sabia bem que ele era, de facto, ferrenho
adepto daquele clube.
Mas essencialmente não me
surpreendeu na sua consciência da Justiça e do Direito!
O Dr. Herculano Lima é da
velha escola, daquela escola que ensinava Direito e Justiça, tudo temperado
pelo bom senso, o sal necessário ao bom julgador.
Há excepções, como em tudo,
tal um dito juiz Mortágua!
Na escola actual, na escola
dos que (não) o acompanharam na decisão, apenas ensinam leis e a maneira de as ludibriar,
tal os políticos seus fazedores e os novos juízes seus supostos aplicadores
que, aprendendo como Pilatos, facilmente delas se livram, consoante aos
interesses, com um lavar de mãos ensaboado do “não provado”.
Receio pelo Dr. Herculano Lima,
pelo seu lugar cativo. Todavia, ele deve conhecer bem a milícia e saber como
dela se esquivar!
PS: Todos os sublinhados são, nturalmente, próprios.
Bom post, mas porquê esta tomada de posição de um ferrenho postista? será só justiça e honradez? isto não trará água no bico?
ResponderEliminarVou-me sentar e esperar, tentando estar atento.