terça-feira, 21 de agosto de 2012

Os Sabetudo da prosápia


Começo por manifestar dúvidas sobre o prezamento de alguns Benfiquistas em relação ao Benfica, Suprema, Grandiosa e Imortal Instituição Desportiva que milhões espalhados por esse mundo fora tanto amam. Bem me parece que esses alguns sofrem, bem lá no fundo, de um certo desconforto que os leva a colocar os seus egos pessoais acima do único Ego a quem nos devemos devotar. Veem, por isso, pessoas e não o Benfica e parecem ansiar por maus resultados que são o seu único argumento para o seu combate pessoal, deliberadamente ou não esquecendo que é o Glorioso Benfica que estão a combater.
Por só aparecerem, numa refrega apenas de negação, quando as coisas não correm tão bem como todos os Benfiquistas desejam, esquecendo logo aí o apoio a tudo e a todos, aquele apoio que sempre deveria ser, assim o entendo, a Mátria suprema e imaculada do Benfiquismo, afigura-se-me que estes poucos estão mais interessados nas pessoas da sua estimação e que desejam a ocupar os lugares que democraticamente ocupam os objecto dos seus ódios, dos seus egoísmos e das suas destemperanças.

Não houve Benfiquista que se preze, bem entendido, que ficasse satisfeito com o resultado contra o Braga. Os nossos jogadores estiveram mais ou menos num dia não e a equipa não nos presenteou com aquele espectáculo de que todos gostamos e, em especial, com o resultado que mais convém ao que desejamos.
Mas o futebol é feito disto mesmo, nisto se encontra a sua magia que, descolada de seu efeito, tornaria esse mesmo futebol sensaborão, desinteressante, desapaixonante, num cabaz de resultados feitos antes da disputa futebolística começar.
Num desafio de futebol há sempre duas equipas – de facto, pode haver uma terceira que em Portugal, não raras vezes, se intromete tomando o papel principal da contenda e assim o escamoteando aos verdadeiros protagonistas – duas equipas que desejam o inverso uma da outra.

Sem querer aderir ao sabetudo bota-abaixo, sempre se pode dar uma ajuda na compreensão do seu Benfiquismo, um Benfiquismo muitas vezes incompreensível mas um Benfiquismo omnisciente, feiticeiro e oraculino.
Como já se ouviu a um “grupo coral” que se diria quase organizado mas não “formatado” – este conceito foi destinado aos que sentem a voz desafinada para pertencer ao coro – também nós podemos, no nosso desafinado, exprimir outrossim os nossos lamentos.
Assim seja.

É revoltante que os nossos jogadores não sejam verdadeiras máquinas, bem oleadas, sem alma, sem pensares e sem dores ou tormentos, para que, harmonicamente tal como o nosso coro de assobio de treinamento apurado, nos proporcionem sempre os mais majestosos espectáculos da arte futebolística!

É revoltante que quem manda actualmente no Benfica não contrate os treinadores de bancada, os únicos que percebem da poda … depois de o jogo acabar, eles que até provavelmente elegeram esses mandatários e assim aqueles, num destempero impróprio, os não compensem pelo seu voto.

É revoltante que quem manda no Benfica só compre os jogadores que ao treinador e aos cofres do clube se afiguram harmonizar e não compre todos os jogadores que os treinadores de bancada desejam, que preço e outras condições são aspectos de somenos e que só impressionam os tolos, uma vez que tais treinadores nunca erram e quem manda no Benfica, “mai-lo” treinador, quase sempre se engana.

É revoltante que quem manda no Benfica não contrate os que tudo sabem menos arcar com as responsabilidades dos cargos e das decisões, porque toda a sua sapiência só nasce, brota e renasce do lado de fora, do lado do qual ninguém exige que se responda pelas responsabilidades do seu tudo saber mesmo que mais não seja do que um tudo ignorar.

É revoltante que todos os Benfiquistas não possam levar o seu assobio para o estádio para que o coro de assobios seja um flauteado de assobiada melodiosa num “encantamento”, não de serpentes mas de tudo quanto é Benfica e representa o Benfica!

É revoltante que jogadores – os que jogam e os que não jogam, os que são convocados para o jogo e os que não o são – e treinadores tenham ouvidos e ouçam a serenata do assobio, que tenham olhos e leiam o sabichar e o mui sabichoso ensinamento dos muitos treinadores de bancada e os não menos dotados bota-abaixo, seja sobre os treinamentos e o desadestrar, os direitos de jogar e os deveres do não jogar, as capacidades futebolísticas e as incapacidades futebolísticas, a garra e a desgarra, o querer e o não querer!

É revoltante que eles, jogadores e treinadores, ouçam tudo isso enquanto estão a trabalhar e leiam todas as mui doutas e benfazejas lições, escritas e rezadas, só depois de conhecido o resultado!

É revoltante a tormentosa desdita de que só erra quem trabalha, tomando decisões ou despendendo energias físicas!

É revoltante a “desventura” dos que, estando de sofá e costas recostadas, tenham logo de acertar em tudo, … depois desse tudo ter acontecido!

É revoltante que haja tantos Benfiquistas amorfos, “formatados”, dizem eles, os treinadores de bancada que tudo sabem, que esses Benfiquistas se calem e não sejam iguais aos outros, aos não “formatados” que, como milhões que são, não apresentem milhões de opiniões, sábias opiniões, não apresentem milhões de razões ainda que sejam milhões de razões sem razão!

É revoltante que haja Benfiquistas que, em vez de saberem assobiar, sempre, sempre e em todos os momentos, batam palmas e cantem o seu Benfiquismo em apoio constante aos que vestem o Sagrado Manto!

É revoltante que muitos Benfiquistas sofram mas tenham esperança, que não saibam tudo porque são “formatados”, deixando aos “formatados” do sabetudo não apenas toda a sapiência e mais alguma, após o acontecimento e o seu resultado, como também o sabetudo presciente do previso ou do cartomante – sem precisar da leitura das suas cartas – traduzido no “eu não disse?” “eu já não falei?”, “não se estava mesmo a ver?”!

É revoltante que se seja “formatado” por falar e “formatado” por não falar!

É revoltante … !

É revoltante que o Benfica, o imenso substracto pessoal dos Benfiquistas, não seja uno na sua diversidade!

É revoltante que não seja o Glorioso Benfica o alter-ego único dos egoísmos pessoais da banalidade e da prosápia supostamente omnisciente!

3 comentários:

  1. "Bem me parece que esses alguns sofrem, bem lá no fundo, de um certo desconforto que os leva a colocar os seus egos pessoais acima do único Ego a quem nos devemos devotar."

    Ás vezes também fico com essa sensação. Fazer o quê? Adiante, porque o Benfica nunca foi e nunca será de gente que menospreza o comum cidadão.

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  2. Tem razão, é revoltante que tanto ignorante, tanto sabujo, tanto bandido,conspurque o nome sagrado do SPORT LISBOA E BENFICA e se esconda, por cobardia, no anonimato.

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  3. Antes de mais saudo o excelente regresso do meu caro, via GIL, sempre cheio de força e com sábios posts, permita-me que transcreva algo que escrevi, sem a sua enorme capacidade e habilidade de escrita: Independentemente de todas as razões que possam assistir nas pessoas, em relação ao momento actual do Benfica e da sua equipa de futebol, acho absolutamente lamentável, verificar que houve benfiquistas que para justificar e fortalecer as suas críticas, desejassem e continuem a desejar as derrotas do Benfica, sentindo que isso não só os ajuda na sua luta, como consegue angariar novos apoiantes, sempre mais frágeis e susceptíveis de serem moldados com os maus resultados, julgo que não é esse tipo de ajuda que o Benfica precisa, julgo que isso em nada contribui para um futuro melhor no clube.
    Esses senhores que julgam os intocáveis, os paladinos da verdade, os grandes senhores de um Benfica perfeito, não passam afinal de pessoas que vão descarregando as suas frustrações pessoais de nunca terem sido aquilo que o seu ego diz que são, a verdade é que para além da sucessiva corrosão, quase nada apresentam para o Benfica.
    Felizmente, estou em crer que essa gente de ideias nulas, nunca vingará os seus intentos, isso seria o fim do Benfica, porque são os Vimiosos, as águias preocupadas, os shadows dessa praça, o retrato fiel daquilo que representa o maior cancro do Benfica, são essa gente que revê em Bruno Carvalho e Carlos Azenha o passo certo no futuro do Benfica quem mais o destrói, é por pessoas como essas que o Benfica não consegue ter paz, harmonia e uma voz de dinâmica.

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