quarta-feira, 30 de junho de 2010

Di Maria, o Benfiquismo e o profetismo desgraceiro

Que televisões, jornais, jornalistas, noticiadores, cronistas, comentadores, opinantes, avençados, presuntivos sapientes de ocasião e demais interessados em meter a colherada, toda esta cambada do parasitismo que o Benfica tem de alimentar para que não morra escanzelada pela fome – e alguns vão pifando, apesar da côdea, v.g. “24 horas” e outro esterco afim – tentem deitar abaixo o Glorioso Sport Lisboa e Benfica com as suas tão costumeiras aleivosias, nada deve estranhar à imensa Pátria Benfiquista!
Que alguns Benfiquistas – aqueles que mal convivem com a derrota das suas alternativas numa demonstração de pura democraticidade – se aproveitem de algumas ingenuidades e, em especial, da onda daquele séquito externo devidamente catequizado e orientado na destruição do genuíno espírito Benfiquista, sendo de lamentar, também vai sendo usual e conhecido da imensa, devotada e prestimosa Família que tem a Águia Majestosa por seu símbolo eterno e imortal!
Agora que a Imensa Família Benfiquista se deixe – ou pareça deixar – ir na onda dos satãs da desunião, ao mais leve indício – enganador – de tormenta é que é algo de inusual e inesperado!

A repetida mensagem dos gestores do Benfica, ao seu mais alto nível, era a da venda de qualquer jogador cobiçado apenas pelo valor da cláusula de rescisão.
Todavia, o Benfica comunicou à CMVM a venda do jogador, depois de muitas, cansativas, ridiculosas e nevoentas novelísticas que rodearam as conversações, por 25 milhões de euros, a cerca de 60% do valor da estafada cláusula de rescisão!
Foi este o número fixado pelos “entendidos”, um número por uns já largamente difundido como um dogma. E um dogma que até encontrou eco num órgão de comunicação social que, pasme-se, chegou a noticiar ser esse montante pago durante seis – repete-se, seis! – anos!
Ou seja, esse mago do bruxedo ou se confundiu com a duração do contrato, ou achou que era “sábio” sentenciar que o Benfica, se vendia por seis anos, só devia receber um sexto em cada ano!

Quanto aos ditos Benfiquistas, alguns que juram sistematicamente a pés juntos a sua devoção imaculada junto de quem elegeram para gerir os destinos do seu Glorioso Benfica, o tremer da sua fé chegaria quase a um manifesto de “reforma” apostática, tão lamentosos e furibundos foram os seus queixumes.
Entendidos nas artes de mercadores encartados e experimentados no negócio, depressa vêm exigir, sob pena de uma pré-sentenciada excomungação, todos os detalhes e detalhinhos do contrato, vírgulas e pontos, pontos e vírgulas, que pontos de exclamação e de interrogação quanto baste soltaram eles de imediato!
E as expressões pomposas e presuntivamente cáusticas quanto sapientes não se ficaram atrás. Falou-se da «estratégia, quase fanfarrónica, de quase diariamente acenar com as cláusulas de rescisão…», dos perigos de, a partir de agora, não haver «razão moral e empresarial para impedir um outro qualquer jogador de querer sair pelo preço que oferecerem…», sentenciou-se, ponto e vírgula, que «ou eram os €40 milhões ou DI ficava e ponto final...»
Para cúmulo, até deparámos com um dito “indefectível” que veio mostrar-se arrependido das “bocas” que mandou a um “cavador de oposição” que ninguém entende, nem a oposição nem o cavador, sentenciando diplomática e sentidamente que tal «cavador está certo nas reticências que faz ao LFV…»

Também nos aparecem os fazedores de contas – que isso de um mercador, ainda por cima sabido, não apresentar as “suas” contas era um sacrilégio – com contas que não batem certo com outros fazedores de ofício. Não batem certo nos preços de compra dos direitos económicos e desportivos, não batem certos nos valores já arrecadados com a venda de parte dos direitos económicos, omite-se a parte que cabe ao participante no fundo, o Sport Lisboa e Benfica, Futebol SAD.
São contas à vontade do freguês!

Há quem diga que, afinal, os 25 milhões entram de imediato nos cofres do(s) vendedor(es) e que 5 milhões esperam apenas a inscrição do futebolista na respectiva Liga.
São estratégias comerciais de mercadores que “nada percebem da poda” porque têm o desplante de salvaguardar o “segredo como alma do negócio” mas que toda a gente quer devassar para ficar satisfeita!
De facto, não se elegem dirigentes em quem se confie para gerir o clube mas apenas paus mandados e correios encartados de todos os esses e erres, com a obrigação de tornarem público e bem público todo esse “correio”, como carteiros diligentes, responsáveis e pressurosos.
De todo o modo, a transferência não é, de facto, de 25 milhões mas de 30 milhões!
Acrescem mais 6 milhões que dizem respeito a performance desportiva do jogador.
Bem, aqui a coisa é mais subjectiva e a caterva de mercadores entendidos logo vem questionar a sua plausibilidade. E até pode ser difícil a sua consecução, só que nos esquecemos de um pormenor que, salvo erro, tem alguma relevância. Na verdade, se a performance desportiva do jogador render zero, então é porque esse jogador pouco vale ou, ao menos, não é uma “maravilha desportiva” tal como a pintam! Mas, não o sendo, afinal teríamos de concluir que o negócio até foi … muito bom!

Mas não, ripostam os cépticos, o jogador tem uma cláusula de rescisão, o vendedor diz que só vende pelo valor da cláusula, então tem que ser assim ou nada!

Pode ainda acrescentar-se um jogo contratado para o Estádio do Sport Lisboa e Benfica, de cachet zero para o Real Madrid, e que pode render aos cofres do Benfica, em assistência, direitos televisivos e publicidade, bem mais do que um milhão.
São estratégias comerciais mas que, perante os mercadores encartados do sabe tudo e com todos os detalhes publicitados, ou se omitem ou correspondem a meras bagatelas que não devem ser tidas em conta.

O montante estipulado para a cláusula de rescisão tem as suas funções. Dar um aviso ao jogador para não ficar de cabeça no ar à primeira proposta que lhe aparecer. O aviso serve ainda para o seu empresário. Se houve melhorias salariais, há contrapartidas a dever.
O aviso serve igualmente e muito em especial para o mercado.
Claro, quando chega a ocasião, há negociações e negociações implicam cedências mútuas. Ou não há negócio.

Assim procedem os verdadeiros negociadores e gestores.
Os mercadores encartados não negoceiam, exigem. O resultado normal é que fazem maus negócios, não negociando. Mas apresentam-se como os sabedores de tudo quanto é arte negocial, incluindo a parte que respeita ao “segredo como alma do negócio” que para eles é uma pechincha, pelo menos quando são os outros a negociar.

Houve alguns Benfiquistas que, em conversas de tertúlia e mesmo em blogues do domínio público, logo aproveitaram a deixa para proclamarem a sua fé no contra. Argumentaram mesmo com a falência do Alverca, atribuindo-a a Luís Filipe Vieira e, mui sabichosamente, pregaram a doutrina do apocalipse de que tal “Satanás” de falências estava endemoninhadamente possuído.
O que responder a estes sumos pontífices profetas da desgraça?
Que, afinal, na falência estava o Benfica de tais pontífices quando Luís Filipe Vieira – e não eles – o veio salvar?
Então, qual seria a diferença?
E como poderiam apresentar-se como heróis nestes tempos se, na hora da verdadeira desgraça, ou deram o fora, ou papaguearam em frente de tudo o que era câmara e microfone?

O Benfiquismo é uma religião, uma religião tão profunda e entranhada no Benfiquista que nenhum “pastor” de outra qualquer religião – nem que seja “papa” – pode catequizar com algum pingo de êxito, por muitos e variados que sejam os seus dotes tipo milagreiro, conquanto assentes normalmente na batotice.

Até se admite – nos dias de hoje com mais acuidade – a existência dos “são-tomenses”. Ver para crer é o lema destes.
Mas os verdadeiros são-tomenses esperam com paciência até ver, não crêem antes de ver, proclamando ter visto e acreditado antes do “ver para crer” que juraram seguir como doutrina logo esquecida na sombra das conveniências.

4 comentários:

  1. Boa noite caro Gil Vicente.

    Por norma não sou de me irritar facilmente com estas coisas, mas estes últimos dias têm-me tirado do sério. Por isso venho dar os parabéns e um grande abraço pelo post. Isto tudo para o

    FODA-SE, FINALMENTE!! Já estava farto de ver críticas estúpidas e contas mal feitas por todo o lado

    não cair mal.

    Abraço

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  2. Caro amigo Gil, susbscrevo totalmente. Li tudo como sabe por isso só tenho a dizer. Brilhante! E um nosso amigo vai ter de se confessar por ter duvidado, eheheheheh!
    Grande abraço.

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  3. Sim senhor... Brutal. Brutal.
    Com calma, ponderação, por fim uma voz que fala o que diz, sabe o que diz e diz o que sabe. Caro Gil, 100% de acordo, e só não é mais por ser impossível
    Estou farto de ver o pessoal a mandar vir sem saber o que fala. Li os comentários acima e concordo com eles, e com o post em si.
    Sobre os direitos televisivos, disse-o noutro dia, creio que n'A Bola, este pessoal é um ás de trunfo, só pode.
    Vieira disse que o Benfica é um clube que é reconhecido a quem lhe ajuda ou ajudou. E os que falam agora esquecem-se que há uns anos, há quase 12, quando surgiu a SportTV, a recebermos 7M por ano, desde essa altura, que recebemos muito dinheiro quando o mercado não o valia, mas não era só o Benfica por estar mal, eram todos, pois as pessoas não estavam habituadas a pagar para ter futebol, tanto, comparado com o que havia antes, em casa. Numa altura em que não valíamos isso, nem nós, nem Porto, nem Sporting, passámos a receber essa verba, com o Benfica quase na penúria, quase falido, e sim, temos que ser agradecidos de o termos recebido. Antes contentávamo-nos com um jogo de crés a crés, na TV2, e lá íamos vivendo, como dizia o Solnado.
    Agora temos um produto de qualidade, tivemos contratos que nos ajudaram a sair da fossa, Adidas, 14M de contos por 10 ou 14 anos, não me lembro exactamente, mas o Vieira já o abordou, na entrevista que deu na véspera do Di Maria ser vendido, sem dizer que era a Adidas, e que em 2 ou 3 anos, a par do dos direitos televisivos, estava quase a terminar. Ou seja, tudo está a ser pensado no Benfica, de forma profissional. Os Brunos não-sei-quês das Porto Canais desse país é que devem estar chateados de não estarem lá dentro, a minarem aquilo do que foi no passado, com Damásios e afins.
    Eu estou muito, mas muito contente que o Benfica esteja como está.
    Estou contente por ver os direitos a serem negociados, não pelo valor que falam, mas pelo valor que O BENFICA fala.
    Sei que o Tottenham em Inglaterra recebe para cima de 40M de euros por ano, e que vale muito menos que nós, mas tem um mercado que vale muitas vezes o nosso, e vi in loco como é a Inglaterra quando lá vivi. Merecemos mais e Vieira está a lutar por mais. Está a lutar por aquilo que o mercado nos pode dar, em comparação com o que dá aos outros, e relacionando com o valor que temos.
    Com isto tudo, não deixar de olhar as coisas só no momento. Somos o produto das nossas acções até aqui, temos passado, temos presente, queremos ter futuro. E por mim está bem acautelado.

    Abraço

    Márcio Guerra, aliás, Bimbosfera

    Bimbosfera.blogspot.com

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