quarta-feira, 16 de junho de 2010

Queirós, os “arrependidos” e os “culpados”

Só o seleccionador Queirós e todos os interesses à volta dele – de empresários de jogadores e mesmo do sistema que domina a federação e ainda estrebucha no domínio do futebol português que envergonhou nos últimos 25 a 30 anos – é que conseguiram de alguma forma compreender as pré-pré escolhas, as pré escolhas e, finalmente, as escolhas e os “remendos” das escolhas.
Foram 50 os pré-pré escolhidos – que fartura! – a seguir emagrecidos numa pré-escolha para 30, divididos num 24 + 6 de prevenção em que 1 nem aos 50 pertencia, pouco depois restringidos a 24, logo se sabendo que seriam 23 + 1.
Uma confusão que ninguém estando de fora do círculo conseguiu decifrar. E nem preciso é entrar na discussão do revelado desejo de renovação da selecção para afastar Quim, seleccionando-se vários outros trintões de “futuro”, ou na desculpa meio vingativa contra os clubes nacionais que não colocam portugueses a jogar, chamando-se jogadores que estiveram grande parte da época parados e a ver jogar, ou no banco, ou curando lesões prolongadas!
Afinal de contas, muitos dos jogadores seleccionados só meia dúzia de jogos fizeram! Houve mesmo um que nem isso!

Já em solo dos sonhos – para quem ainda tem ilusões de sonhar e para aqueles cujo desejo é que haja muitos que sonhem – surge mais um imbróglio. Surge a lesão de Nani que ninguém explica.
O jogador, esse, recambiado, chega a Portugal e, lastimoso e ressabiado, diz com todas as letras que “numa semana já estou bom”! Num murmúrio tipo envergonhado, havia-se dito que teria sofrido uma fractura numa clavícula mas o jogador aparece desenvolto, sem o respectivo braço imobilizado.

Queirós não gosta e responde de lá que «se Nani ficar bom em quatro dias será fantástico»!

Um jornal escreveu que certos especialistas consideravam que Nani devia andar com o braço ao peito, imobilizado, pois assim “evitava a dor e que a mão inchasse”.
E acrescentavam esses especialistas: “Se ele tem uma fractura, como já foi dito, os movimentos seriam sempre com dor. Achei por isso estranho alguns movimentos que o vi fazer à chegada a Lisboa” … pois, com tal mazela ele “mexeria mal a mão e o cotovelo”!

Nani recua e tenta uma interpretação “autêntica” dos seus ditos … que a culpa foi das interpretações!...
“Não me expliquei bem, são totalmente infundadas as dúvidas sobre a minha lesão”!
E termina, dizendo: “penso que estarei bom numa semana «mas para fazer a minha vida normal do dia-a-dia», não para competir”!

Continuam as dúvidas. O que entende Nani por “vida normal do dia-a-dia”? Teria havido alguém que, depois de vê-lo e ter observado a sua desenvoltura – de pernas, braços e língua – imaginasse que ele estava incapacitado, física ou psiquicamente incapacitado para "fazer a sua vida normal do dia-a-dia"?

Veio o primeiro jogo e a desilusão … apenas para os que ainda alimentam os sonhos e para aqueles que querem que alguém os alimente!
Deco não gosta da substituição e culpa o seleccionador Queirós. Diz que não sabe por que foi substituído, que o seleccionador devia saber que ele, Deco, nunca jogou na direita e, por isso, nunca devia ter sido colocado a jogar a extremo direito.
E mais acrescenta que “não é assim que se ganham jogos”, numa de treinador encartado, ao mesmo tempo que as suas palavras pressupunham, ostensivamente, não saber o seleccionador Queirós nadinha da poda!
A dúvida aqui é se alguma destas duas personagens sabe alguma coisa dessa dita poda!

Talvez já não tenha sido grande espanto esperar que outro “arrependido” surgisse. E ele apareceu … e célere!
De facto, pouco tempo bastou para que Deco viesse também fazer a “sua” interpretação autêntica daquilo que disse mas que, diz agora – ou escreve – não ter querido dizer. Deco, arrependido, confessa que “nunca teve nem tem qualquer problema com o treinador e que jamais foi sua intenção colocar em causa a liderança e as decisões do professor e seleccionar Queirós”!

Mais uma malfadada “interpretação errónea” que as desgraçadas das interpretações … têm costas largas!

Ficamos entendidos!
Nani vale-se do «aglomerado de jornalistas» e do «cansaço inerente à viagem que tinha acabado de fazer»!
Deco estava em “brasa” – Nani não?!!! – e alega que as suas palavras “foram proferidas a quente, e sem o melhor discernimento”!

E todos ficaram satisfeitos com o acto de contrição!
Incluindo o seleccionador Queirós!

E nós, os que não têm sonhos e, provavelmente, alguns dos que têm sonhos, aceitamos – ou fazemos que aceitamos – os arrependimentos e, em especial, as interpretações autênticas de tanta convicção que os arrependidos nos ofertaram.
Temos algumas dúvidas mas isso é natural! Elas já vêm muito de trás! Há quem diga que já vêm mesmo desde os tempos em que alguém decidiu dar ao seleccionador Queirós uma segunda oportunidade à frente da selecção nacional!

Mas não é isto que importa agora! Pelo que temos visto na televisão e pelo que nos vão dizendo, parece que na terra dos sonhos da selecção faz chuva e frio.
Todavia, os jogadores mostram-se bem esquentados!

O seleccionador Queirós nem tanto! Isto é, não parece nada andar esquentado! Perdão, estava-me a esquecer de um pormenor muito importante! O seleccionador Queirós está esquentado, muito esquentado, com a FIFA!
Com efeito, terminado o jogo do desencanto, pela exibição e pelo resultado, este bem melhor do que aquela, o seleccionador Queirós encontrou logo o grande culpado de uma desgraça … e da outra: a FIFA e a autorização para Drogba jogar!

Diz o seleccionador Queirós que a protecção de Drogba poderia lesionar os jogadores portugueses, como se, nos últimos 10 minutos – tantos quantos os que Drogba jogou – os portugueses, com as honrosas excepções de Fábio Coentrão e Paulo Ferreira, já não andassem, há muito, todos … lesionados de futebol ao menos sofrível!
Só não percebemos por que não se queixou o seleccionador Queirós antes do jogo!

Outro culpado da péssima exibição e do mau resultado da selecção foi a equipa da Costa do Marfim. Como? Fácil!
A equipa da Costa do Marfim, diz o seleccionador Queirós, “não quis assumir o jogo e ficou lá atrás” e, assim, “torna-se difícil jogar”!

O seleccionador Queirós só se esqueceu de acrescentar que, se de um lado houve uma equipa que não se assumiu e ficou lá atrás, do outro houve outra equipa que também não se assumiu e não quis ir lá à frente ganhar!
Assim, ficaram empatados!
Quem foi a mais medrosa? A selecção terceira classificada da FIFA – e que apregoa até querer ser campeão do mundo! – ou a selecção classificada muito cá para trás?

2 comentários:

  1. Eheheheheh, grande Gil!
    E como será que o Queiroz explica a entrada de Amorim? Para quem ficou de fora dos 23, está um mês parado, de férias, chega lá e joga logo no 1º jogo, ainda que pouco tempo.
    Grande abraço.

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  2. Caro Manuel

    Queirós não explica nada! Nunca soube explicar fosse o que fosse!
    Nem explicar, nem treinar, nada. Ponham-lhe uma placa na mão para ajudar o árbitro assistente a sinalizar uma substituição!
    Como ajudante ( do árbitro assistente, claro, não ponha os olhos mais alto) já talvez sirva para alguma coisa.
    Mas já todos sabemos quem explica!
    Não é ele o treinador do sistema?

    Um grande abraço

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