sábado, 11 de setembro de 2010

PINCELADAS ENCARNADAS

1. O BOM GIGANTE E OS ANÕES

Houve muita gente do futebol, aquela que ainda se mantém pura relativamente aos princípios que norteiam o viver quotidiano nos seus vários meandros, que se admirou com a ausência dos poderes do futebol nacional ao serviço fúnebre do Bom Gigante, José Torres.
Esta admiração, este estranhar, só é possível de perceber em corações puros, em corações de carácter límpido e genuíno. Trata-se de uma pureza que muitos terão tendência para apelidar de ingenuidade mas parece-me que essa manifestação de simplicidade de sentimentos merece alguns esclarecimentos.
Estamos em crer, efectivamente, que tais manifestações de carácter límpido conhecem bem os que não se movem no reino dos princípios da humana pureza mas apenas nos confins das trevas da vigarice, do “tachismo” e da subserviência como modo de sustentação das suas reles personagens. Todavia, tal como Cristo, estão sempre dispostos a dar a outra face numa expectativa de redenção pelo exemplo e por um pregar no deserto.
Só que com Cristo, foi o que se viu. Até um dos seus o traiu e o mais que conseguiu foi ser crucificado por aqueles a quem oferecera a outra face.

José Torres foi um Homem do futebol, um Homem puro, um Homem bom que só soube dignificar o espectáculo com a pureza da verdade desportiva. Ele foi ao mesmo tempo um Bom Gigante e um Gigante Bom!
Ora, tal nobreza de carácter, ninguém pode exigir ser apercebida por quem se move nas entranhas da falcatrua, da vigarice e da tramóia subterrânea desportivas. Para estes, quem faz os espectáculos do desporto que atrai multidões, já vai para três décadas, não são os jogadores e muito menos os que marcam os golos. São os poderes podres que se instalaram na sua quinta nauseabunda e putrefacta da moldagem dos resultados conforme ao guião da corrupção que foi implementado no nosso desporto-rei, de modo a fazer sobreviver uma agremiação de bairro da qual os capatazes desses poderes são uns meros quinteiros e bajuladores do servilismo que é a sua única razão de sobrevivência.
Para tais poderes, não são os jogadores e os golos que marcam ou impedem de marcar aqueles que comandam os espectáculos desportivos e os destinos do desporto. No nosso país – e noutros tão ou mais atrasados, concede-se – os homens do apito é que foram transformados nas personagens fundamentais, bem assessorados pelos homens da justiça desportiva. Estes poderes transformaram um desporto cuja riqueza maior, a riqueza que dele fez multidões apaixonadas, era a incerteza final da contenda, num negócio escuro em que, com muita antecedência, os resultados estão feitos nos corredores escuros da batotice desportiva.

Os servis capatazes destes poderes são demasiado anões de carácter e sentimentos para se dignarem comparecer à despedida do corpo de um Homem bom, um Gigante de bondade humana e futebolística. Despedida de um corpo, sim, que a sua Alma Imortal ficará na História, na História das verdades e das Almas sublimes.
A comparência de tais poderes, cuja ausência alguns lamentaram, só conspurcaria, com a sua tremenda e nauseante sujidade, um acto puro de homenagem a quem foi Gigante como desportista e como Homem.
Os Homens com os Homens!
A canalha, com a canalha e no lugar apropriado à canalha.


2. A HOMENAGEM AOS CAPATAZES DA MENTIRA DESPORTIVA

A canalha, como todos sabem, tem o seu lugar apropriado e encontra-se junto da canalha, disse-se e é do conhecimento do povo do futebol.
Sendo assim, como é que alguém, demasiado ingénuo por ser tão simples e cristalino de nobres pensamentos, poderia imaginar que ela fosse sujar o despedimento do corpo de um Homem bom?
Ainda bem que não compareceu!
Não, a canalha, junto da canalha, estava entretida a homenagear um dos seus, por iniciativa da canalha. Estava no seu adequado lugar.

Não foi muito badalado o motivo para homenagear Benquerença mas a canalha sente-se tão confortável nas suas lides, já não sabe apresentar sequer resquícios de vergonha – que ela não precisa, em especial depois de ter ser sido abençoada pela justiça civil – e dispensa-se de tais ninharias. Isto é, de resto, aquilo que a grande maioria do povo do futebol pensa, numa catarse do seu pensamento tão absorvido pela contemplação da pouca-vergonha que vai avistando no dia-a-dia a olho nu. Mas o motivo é bem patente ou não se tratasse de um árbitro.

Benquerença deve ter sido homenageado por ter estado no campeonato do mundo onde não estivera qualquer árbitro português no mundial anterior. Isso teria sido o motivo propalado mas não passou de um motivo virtual.
Benquerença é um árbitro da associação de futebol de Leiria. A cúpula do futebol é a FPF, está sediada em Lisboa e não se argumente com o facto de ele arbitrar principalmente jogos do organismo autónomo, LPFP, porque ele foi convidado pela FIFA como árbitro do quadro da FPF.
Todavia, o facto de ter sido homenageado por impulso da associação de futebol do Porto, que também não pertence à Liga mas à Federação, só pode surpreender os incautos. Ele foi-o por quem tinha de ser, foi-o por quem há muito tem e domina a sua “verdade desportiva”. Foi uma homenagem programada, foi uma homenagem mais do que devida pela canalha da corrupção desportiva.
Não é só receber favores, há que pagá-los e, por outro lado, ir renovando os laços de submissão e, de todo o modo, relembrá-los para memória futura do homenageado.

Acresce que o “engenheiro” já não se sente à vontade para receber árbitros em sua casa. Se bem que o seu gesto benfazejo de “conselheiro familiar” tenha sido consagrado como um hossana por uma justiça que não se cansa de publicitar a sua injustiça, é sempre melhor prevenir do que remediar. Afinal, ainda houve um pouco de justiça desportiva que o condenou e o obrigou a cumprir pena.
Assim, vale mais que o receba outro Pinto que, sendo da mesma ninhada e da mesma linhagem, se encontra noutra capoeira, tanto para disfarçar como para ajudar a controlar a verdade desportiva do futebol português amordaçado na sua genuína vertente de pureza de espectáculo cativante pelas incertezas do desfecho que em si comportava e não nos homens que, em nome de uma gentalha, tornam certeza a riqueza da sua imanente incerteza.

E Benquerença não é nenhum desmancha-prazeres, muito menos um ingrato. Houve certamente, de entre os poderes da canalha, quem desconfiasse que Benquerença se começava a esquecer daquele Benfica-Porto já um pouco distante e daquele golo que não o foi para ele, como dele os homenageadores esperavam, apesar de Victor Baía ter defendido a bola bem dentro da sua baliza.
Por isso, refinou logo a seguir na recompensa, em Guimarães.
Desconheço se Victor Pereira tomou parte no repasto homenageante. Seja como for, não se esqueceu de pagar os favores de ter sido reconduzido no tacho pelos poderes instalados e agora reforçados. Para isso, nada melhor do que nomear para um jogo do Benfica, o inimigo a abater, o homenageado e enquanto ele mantinha a memória bem fresquinha da doutrinação homenegeadora.


3. A CANDURA DE LUÍS FILIPE VIEIRA

Luís Filipe Vieira parece-se também, em certos aspectos, com o Cristo que oferece a outra face. E, quando tem de barafustar com os vendilhões do templo, fá-lo como Cristo apenas para ser relembrado como episódio pitoresco e que se esvai no meio dos vendavais.

É evidente que a equipa do Benfica não apresenta o mesmo futebol do ano passado, aquele futebol empolgante e asfixiador. E isto, quer jogassem os habituais titulares, quer os ditos suplentes, conceito que, aliás, Jorge Jesus rejeitava e com razão. E não me digam que foram as outras equipas que aprenderam a defender-se. O poder legítimo, quando há vontade de o exercer e se exerce, não tem defesa, tem obediência assumida e aceite como inevitável.
Porém, compreende-se que os homens não são máquinas e oleá-las é que dá trabalho e canseira. Pode haver razões que a razão desconhece e compete a quem dirige a máquina afiná-la.

Mas o que ainda ninguém viu este ano foi uma equipa, qualquer que fosse, a exibir o futebol empolgante da equipa do Benfica o ano passado. Todas elas, umas mais e outras menos, vão sendo, quando muito, um pouco mais regulares … e acarinhadas pelos homens do apito.

Quando uma equipa não está no seu auge de forma que leva tudo e todos à frente com o seu futebol, as vitórias tornam-se muito mais difíceis. Às vezes, uma pequena ajuda do árbitro encobre as deficiências.
Foi o que aconteceu ao FC Porto na Figueira da Foz. Um penalti no mínimo duvidoso deu três pontos. Em vila do Conde, um penalti perdoado e um golo irregular deu-lhe três pontos quando podia ter terminado com zero pontos.
Não interessa que tenha jogado melhor do que o adversário, ou menos mal do que este. O que deve interessar é a verdade desportiva e esta advém apenas dos intervenientes jogadores no desenrolar do jogo e do cumprimento escrupuloso das suas regras.
O homem do apito é tão somente para regular esse desenrolar, não para intervir nele e condicioná-lo à sua vontade ou cegueira domesticada.

Quanto ao Benfica, não há crítica que lhe tenha apontado este ano qualquer lance de favorecimento arbitral. Também não é o que deseja. Mas, como todos e pela verdade desportiva – que devia, ela sim, ser homenageada, em vez de o ter sido a batotice desportiva – só exige que não seja prejudicado e que se sigam e consagrem as regras do jogo.
Porém, para além de outros penaltis por marcar, logo no jogo com a Académica, esta marca um segundo golo duplamente irregular. Primeiro, não se marca a grande penalidade cometida por um seu jogador. Segundo, do seguimento dessa jogada faltosa surge o golo que premeia o infractor.
Com o Nacional da Madeira, o árbitro também sonega um penalti que toda a crítica viu e impede o Benfica de, naquele momento, chegar ao empate. E depois se veria…
Em Guimarães, a roubalheira cumpriu com gordos juros a festa de homenagem do respectivo árbitro. Toda a crítica foi unânime. Dois penaltis claros por marcar a favor do Benfica, dois lances anulados por pretensos fora de jogo, um que dera até golo, cartões amarelos em barda aos jogadores do Benfica apenas por soprarem na bola e nos adversários.

Uma coisa é certa. As equipas podem estar em baixa de forma, a jogar pouco, até menos que os adversários. Todavia, isso não as subtrai às leis do jogo. Elas continuam a ter todos os direitos de intervenientes, a par dos seus correlativos deveres.
Logo, se é para cumprir os deveres, é igualmente para usufruir dos direitos.
E a equipa do Benfica não tem usufruído dos seus direitos, estes têm-lhe sido sonegados escandalosamente, para não dizer propositadamente roubados.
E aos seus rivais têm-lhe sido conferidos direitos que lhe não pertencem e não se lhes têm exigido os correspondentes deveres a que estão obrigados.
Claro, assim não existe verdade desportiva mas apenas a continuação da batotice que já vem de há quase três décadas.
Não se exige ou pede favor. Exige-se cumprimento e concessão de direitos, bem como “pagamento” de deveres.

Por mais que os dirigentes do Benfica, Presidente incluído, barafustem contra esta roubalheira escandalosa e de efeitos duplos, apenas conseguem, no estado actual, que deles se riam.
Repare-se. O Benfica é a instituição do desporto que, pacificamente, tem tantos adeptos como quase todos os outros clubes juntos.
Quem tem ele nos meandros dos poderes podres deste futebol – e outro desporto – de vigarice?
Ninguém!
Na FPF estão os capangas do “papa”. Na LPFP está o vice-presidente do reino “papal” da mentira e da corrupção. No mando dos árbitros está um subserviente e submisso do satélite do clube “pontifício” mentiroso e batoteiro. Na presidência da CD da LPFP está um juiz habitual condómino das cadeiras “papais”. No CJ da FPF estão igualmente os juízes das tribunas “cardinalícias” do dragão ou fazendo parte do lóbi jurídico da “cúria”.

Enquanto o Benfica, não tiver adeptos interessados a ocuparem lugares de poder nas instâncias dominadoras, de nada valem tais barafustes; enquanto o Benfica não cativar e arregimentar clubes parceiros, seja através dos empréstimos de jogadores em condições concorrenciais ou acordos de parcerias; enquanto o Benfica não souber capitalizar o poder dos pequenos em troca de um poder de limpar e de rasoirar a porcaria que domina o podre e concertado futebol luso; enquanto o Benfica não compartilhar disto tudo com gente sã de princípios morais e desportivos, só lhe resta ir conseguindo lampejos à custa de esforço enorme das suas gentes, em canseiras, desportivas e outras, em dispêndio de energias e de recursos financeiros e económicos, tudo numa escala muito superior ao normal e àquela que seria necessária apenas para ombrear com os rivais cujos recursos principais são a mistificação e a desonra da verdade desportiva.

O Benfica não deve querer, e não quer, trocar um sistema subterrâneo, podre, batoteiro, por outro.
O Benfica deve querer limpar essa podridão batoteira mal cheirosa por uma que seja respirável, transparente e verdadeira.
Não só mas com a ajuda de todos os que, de boa vontade e coração puro e limpo, estejam dispostos a dignificar este podre e pobre futebol português.
Até lá!...

4 comentários:

  1. Caro Gil, subscrevo integralmente!
    É uma nojice tudo o que se está a passar e não sabemos o que é que o Benfica pode ou vai, fazer.

    Está zangado comigo?

    Abraço.

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  2. o bom ghigante foi um grande jogador e por isso ainda nao saio da cabeça das pessoas.

    nao quero tirar pessoas deste blog mas gostava que viessem ver este blog:

    http://santos-sempre-benfica.blogspot.com/

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  3. Caro Manuel

    Por dificuldades várias, saúde de familiares chegados, inclusive e a mais importante, até nem tempo tenho para escrever no meu blogue.
    Só de fugida.
    Por agora, tem de ser assim, não ficando quase tempo nenhum para sequer ler as notícias.
    Um abraço

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  4. Até lá... temos que nos contentar com uma espécie «estranha» de vitória moral. É uma vergonha, mas vamos partir do início do post, que está, como habitual, interessantíssimo...
    O Bom Gigante e os anões... Pouco há a dizer, pois resume-se à canalha que por aí anda (se fosse o Sloml dizia «grassa», eheheh!) e efectivamente, para conspurcar o último adeus dos amigos, só para lá ir «meter nojo», mais vale ficar onde ficaram, e, isso leva-nos ao segundo ponto. Só dizer que foi um Gigante, e Gigante continuará!
    A Homenagem aos capatazes da mentira desportiva (para uns verdade, acredite!).
    Muito me conta, aliás, sinceramente nem dei por ela em condições, ou seja, como ando triste com o meu, nosso, Benfica, e com afazeres que se prolongam há já uns meses, incluindo nova mudança de casa, as coisas não são bem como queremos, ou no tempo a que as queremos... Muito me conta, portanto, com essa história, verdadeira, do Vigário Malquerença, e creio que me dará frutos numa qualquer estória no futuro para os meus «devaneios» literários. Sem dúvida! Dará no entanto, para o Manuel e demais comentadores da actualidade Benfiquista, um belo manancial para podermos apontar o dedo a esse verme, que finge que apita. Aliás, li até uma história, sobre ele, num destes dias, algures num blog Benfiquista, que esse verme, não posso de maneira nenhuma tratar «senhor», afirma que era benfiquista desde pequeno, que gostava muito do Chalana, seu ídolo, e que tinha até chorado quando este tinha partido uma perna. Só que a vida faz-nos disto, quando trabalhamos para os corruptos, neste caso apitar um jogo do Benfica e o Chalana à frente da equipa, e este não gostar das nossas, corruptas, decisões, e passar o jogo todo a insultar-nos devido às mesmas. Da boca desse verme, no blog, creio, do Grão Vasco, não me recordo agora o nome do blog, mas tenho-o na lista, e 99% de certeza que foi lá que li isto ANTES do jogo, e eis que esse verme, então, diz que «Ah é assim? então que se f*da o Chalana e o Benfica»! Se eu quisesse entender aqui teorias da conspiração poderia ver que as coisas, no golo do Petit, ainda estariam frescas, 2/3 anos, na cabeça de tal ser... Se calhar vingança, ou se calhar, apenas e só, a voz do dono, o fazer o que o dono manda.
    Chegamos ao terceiro ponto, «A Candura de Luis Filipe Vieira». Nisto estou com o Sloml. Há que falar SEMPRE das arbitragens, há que os pôr no lugar sempre! Não é por ganharmos que dizemos «ah e tal, não falo de arbitragens». Não, mesmo que a intenção seja boa temos que falar. Temos que os colocar no lugar. Temos que querer, depois disso, órgãos federativos limpos, secretários de estado limpos, presidentes de clubes limpos, com honra de perder e ganhar...
    Mas sabe uma coisa, isto tudo só tem razão de ser por causa do dinheiro. O dinheiro é que corrompe, pois traz poder, e o poder corrompe.
    Se fossem todos AMADORES, no verdadeiro sentido de quem AMA o que faz, nada disto se passava. Enquanto as recompensas forem assim tão boas, que nada mais interesse que não seja a vitória pelo que traz, de dinheiro, associado, isto não muda, mesmo que alguns, que não todos, queiram mudar...
    Já vou longo!

    Abraço

    Márcio Guerra, aliás, Bimbosfera

    Bimbosfera.blogspot.com

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