sábado, 18 de setembro de 2010

Laurentino, secretário, e Madaíl, pé descalço e carapuço

1º Laurentino, secretário

Bem se lamuria Laurentino, secretário – de estado, dizem uns, do estado a que isto chegou, argumentam muitos mais – de que nunca ofendeu ou desrespeitou o Benfica.

Que nunca ofendeu esta Grandiosa Instituição, concorda-se. Laurentino, secretário, é muito pequeno, tacanho de hombridade, para ofender quem tão Imenso é, nem grama de poder tem para o conseguir beliscar.
Não ofende quem quer mas só quem pode e Laurentino, secretário, pode pouco no reino da compostura desportiva, perante a Grandeza de uma Instituição centenariamente Gloriosa.
Já a respeito do desrespeito, a coisa não é tão inocente como tão inocentemente Laurentino, secretário, tenta prantear-se.

Laurentino, secretário, também lacrimeja inocência quanto à sua “inocência” a respeito do apito dourado. Procede sempre assim, diz ele, deixa a Justiça à (in)justiça, separa bem os poderes, não se imiscui, ajuramenta, nos dos outros.

A coerência de Laurentino, secretário, salta à vista desarmada. Por exemplo, no caso Nuno Assis.
Nuno Assis foi julgado pela justiça desportiva portuguesa, em primeira e segunda instância.
Laurentino não se imiscuiu!... Aceitou os poderes da justiça, separou-os da sua sanha vingadora, um exemplo de coerência e … digna decência de comportamento exemplar!...
Pois foi mesmo assim!!! Só por respeito ao Benfica e à justiça desportiva portuguesa se assanhou “respeitosamente” porque ele já havia julgado e condenado e o seu ego pragueja sua satisfação defeituosa! Que direito tinha a justiça, a justiça desportiva “in casu”, para ousar afrontá-lo e absolver o que Laurentino, secretário, havia previamente condenado?!
Laurentino é secretário, de estado ou do estado, mas secretário!
Separação de poderes?!... Respeito pela separação de poderes?!...
Isso são ditos!... Que disparate!...

Claro, Laurentino, secretário, é “coerente” e disso se gaba. Por isso, apadrinhou agora o caso de Queirós com sua zanga à vespertina visita levada a cabo por uma instituição sob sua tutela!
Pede-se à justiça desportiva para julgar o incidente dos melindres das comadres, todas muito ciosas dos seus “direitos” e dos seus bitaites. A justiça desportiva julga mas as comadres sob tutela de Laurentino, secretário – este não, está-se veniando, sempre “respeitosamente”, para a separação dos poderes – continuaram fazendo beicinho e amuados! E vai daí, abocanham processo vingador apropriado e amandam-nos com um modelo de (in)justiça em causa própria.

Visto isto, Laurentino, secretário, encangado na tutelagem destes justiceiros poderes e nos apelos destas comadres ofendidas, acha muito bem! É como a GNR ou a PSP, atira lá do alto da sua secretaria!

Pois é! Não tarda nada, há um pilha galinhas por aí que resolve xingar um polícia. A justiça da (injustiça) portuguesa ou manda soltura no homem ou abranda no seu justiceiro condenatório!
E a polícia resolve julgar e condenar o xingador! Mas vai apregoando, com seu tutor incluído, … “respeito pela separação de poderes”!
E as suas decisões?!!!
Quando convém! Mas por que é que estes senhores de “separadores nos poderes”, “respeitados” na linguagem, não desagravam os seus – dos “respeitadores” – amuamentos?
Por que julgam e decidem eles em “desrespeito” por quem tanto lhes ajuramenta “respeito”?

Tudo bem, e nem será preciso que Laurentino, secretário, seja o tutor das polícias, que ele, a respeito do “respeito” pela separação dos poderes é um prodígio modelar!
Por Laurentino, secretário, já não faltará muito! E com tantos Laurentinos por aí, secretários igualmente, de estado ou do estado, tanto faz, os receios a respeito de um tão devotado “respeito” não parecem ser mesmo nada virtuais!

2. Madaíl, pé descalço e carapuço

Costado vergado na serventia, farrapão na glória e na desonra de uma assolapada e destroçada selecção dita nacional, alpercatas surradas nos caminhos da solicitude reverencial, carapuço enfiado e baraço ao pescoço, de mão estendida, eis Madaíl a caminho de Madrid num esmolar de pedincha salvatérica.
Consciência obnubilada, talvez se julgue um igual aio redentor da honra traída por um rei fundador de uma independência que rompeu o jugo da desonra e a reclamou, obtendo-a para um povo não disponível a vergar a cerviz.
Madaíl é apenas um pedinte pobretão em busca de salvadora e continuada servidão a uma “cúria papal” que impõe o jugo, num esmolar de dependência e não de independência.

Enganou-se no sítio! Ficou à margem!
Enganou-se no benfeitor que, de esmola, lhe concedeu apenas um pouco de compaixão, “tocado” pela mão estendida, carapuço em riste à espera do vintém, numa pedincha angustiada e lamurienta.

Madaíl viveu no tacho do pendura da selecção nacional e dos seus resultados à custa de nobre geração futebolística.
A mama acabou-se!

Mas Madaíl prossegue o tacho, que os seus senhores se aprestaram a prometer-lho de novo, servo da gleba com obra serviçal prestada.

Carapuço esvaziado de vintém, sem prato de sopa ou naco de pão duro, Madaíl fez meia volta, desonrado no propósito, rejeitado no intuito, tremelicoso na passada e de carapuça bem enfiada!
Bem ao contrário daquele aio digno, D. Egas, que ofereceu a honra e mais honrado o devolveram em graça e paz, exaltado na sua acção de homem ilustre, nobre e distinto.

Dizem que não desarma, o baraço tem folga ainda, a vergonha pereceu há muito, a persistência no naco de pão duro e a boina estendida são apetências da servitude.

Será que terá sorte?
Mesmo que até possa aparecer alguém mais caridosamente compassivo com a desdita do farroupilha e lhe atire algum vintém ou alguma côdea de pão mirrado, o labéu é o seu fado.
Bem pode o miserento recitar o seu padre-nosso e as suas abluções de agradecimento canino!
Lambida a côdea, hão-de ficar sempre, ao menos, o carapuço e o baraço como símbolos da serventia do dono!

5 comentários:

  1. Boas, caro Gil. Devo dizer, apesar de crer que sabe, mas se não souber fica a saber, que, nos dias que correm, coisas de justiça, particularmente da desportiva, pois a vida não proporcionou debatermos outras, faz para mim «Lei» a opinião que dita sobre as ditas.
    Daí que ler coisas que mencionem Nuno Assis, Apito Dourado, ou de outras cores que sejam, casos dos «túneis» e afins, são coisas, portanto, que gosto de seguir com atenção e tomar por regra a sua opinião. Logo, ler, sobre este «artista/para-quedista» do Laurentino, secretário de estado do estado a que isto chegou, é muito interessante, sobretudo se com isso entendermos o seu ponto de vista.
    Sobre o Madaíl, bom, lá dizia o outro, na piada d'O Jogo, que faltava a conta do Betadine, para os joelhos esfolados de tal ser.
    Lamento, por Paulo Bento, a quem admito isenção, ir, se for, aceitar o trabalho que outros assim deixaram. É certo que precisamos de trabalho para comer... Será que não servirá Bento de escudo para os que se escudam há tantos anos por aquelas bandas? A imagem de sangue novo não será só imagem? A fundação não continuará com as sapatas «mal-amanhadas»? A ver vamos...
    Portanto, mais uma vez, belo artigo, caro Gil!

    Abraço

    Márcio Guerra, aliás, Bimbosfera

    Bimbosfera.blogspot.com

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  2. heheheh como diria alguem.. grande postadela!!!

    um beijinho caro amigo
    estou sentido a sua falta
    ..

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  3. Caro Márcio

    Como sempre, bastante condescendente com os meus fracos méritos, escritos agora aos repelões e a sofrerem dessas desconcentrações.

    Um abraço
    RAINHA MARGARIDA

    E Rainha sempre deste seu humilde cidadão.
    Tenho agora um pouqinho de tempo para falar consigo.

    Leio sempre todos os mail.s da tertúlia, por vezes muito para lá da meia-noite. Li hoje o seu.

    Devo dizer-lhe que a esmagadora maioria deles me parecem a mim uma grande seca, ou seja, sem qualquer sumo válido.
    Alguns, poucos, debruçam-se sobre matéria interessante; outros, também poucos, são momentos de boa disposição e de troca de impressões com gosto e necessárias à são camaradagem e confraternização.

    Devo acrescentar-lhe que a razão apresentada pelo General não está correcta. "Directas" ou "indirectas" de "no woories" ou outro do tipo só ofendem e melindram quando podem e aqueles que o General refere não podem nada. Para mim, é como se não existissem, não dou importância ao que não merece nem tem importância alguma.

    Quanto ao resto, o tempo é bastante escasso, agora até no facebook. Para o comprovar, posso dizer que ando há vários dias para lhe enviar um soneto e não tenho tempo para o completar. Mais do que a inspiração - a Rainha é uma grande musa inspiradora deste fraco escriba - é o tempo que não me deixa completá-lo.
    Mas hei-de fazê-lo!

    E quero que saiba que, muito de fugida, as mais das vezes às tantas da manhã e cair de sono e cansaço, dou uma espreitadela também ao seu "eu vou vencer". E devo dizer-lhe que tenho andado deveras satisfeito por ter verificado que a Rainha está bem, contente, gozando a vida com a sua beleza, a dela, da vida, que a beleza da Rainha nunca esteve em causa. Aliás, está cada vez mais refinada, uma jovem cada dia mais jovem e atraente, não uma Princesa de flor em botãozinho, verde, mas uma Rainha em pleno desabrochamento, em todo o seu esplendor.

    Estou sempre consigo, em pensamento, em amizade, em companhia espiritual. E também, sinto a falta de conversar consigo.
    Espero em breve que alguns negócios me deixem mais sossegado. Não é que estejam a correr mal, bem pelo contrário, mas cansam-me e consomem-me a paciência e o tempo, eu que já trabalhei tantos anos e bem mereço um descanso de umas férias prolongadas e de gozar um pouco mais das reformas ... e da vida.
    Também espero e penso estarem perto de acontecer, francas melhorias nalguns problemas de doenças familiares.

    Beijinho, Rainha!
    Até lá, creia-me sempre presente!

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  4. Muito obrigado querido amigo, fico mais descansada agora, espero que todos os seus problemas se resolvam da melhor maneira possivel e as melhoras dos familiares
    obrigado pelo miminho no vencer, já tinha saudades tanto de si como dos seus belos sonetos que me deliciam
    um grande beijinho
    ..

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  5. Como sempre, mais um texto para ler várias vezes, pois, o seu conteúdo está repleto de imagens do que é o nosso Portugal, uma Nação com vários séculos, que de quando em vez recalca tempos passados.
    Um grande bem Haja ao Gil Vicente.

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