segunda-feira, 22 de outubro de 2012

AS ELEIÇÕES E OS CANDIDATOS



Fico feliz por mais uma vez assistir a eleições no Benfica. As eleições dos corpos sociais que vão gerir o universo Benfiquista são uma das maiores expressões da democracia, democracia que, sendo genética, é parte substancial do ser Benfica.
Mas confesso que tive um certo receio, a princípio. Será que, desta vez, não vai haver concorrentes ao acto eleitoral?
De facto, houve um Benfiquista, agora desaparecido ou na sombra acobertado mas sem ser visto nem ouvido – se é que alguma vez o foi – que prometeu e não cumpriu apresentar um candidato. Ou fez tardiamente a encomenda ou a encomenda rejeitou o receptor e, sem processos de intenção, inclino-me mais para a segunda alternativa.

Não era caso para recear uma transformação do Benfica num reino teocrático e imperial, com lições sublimes nas tropelias da verdade desportiva e no mundo subterrâneo das corrupções e tentativas bem às claras, pese o trocadilho, com ordeiros carneirinhos a seguir o pastor sem balir ou mugir.
Não era caso igualmente de recear umas coaptações de presunçoso sangue azul habituado às ordenanças hereditárias, sejam elas asnas ou deficientes sem que o grau tenha qualquer significado, ainda que marginal. Fazendo de conta, por vezes ainda conseguem um arremedo eleitoral que elege presidentes com menos pessoas que neles exercem o seu direito democrático de escolha do que os derrotados.  

Finalmente, todavia, surgiu alguém disposto a entrar na disputa democrática.
Fiquei contente porque era a democracia Benfiquista de novo e sempre a funcionar.
Fiquei triste porque à cabeça surge alguém em quem recreava atributos de grandeza no exercício da sua difícil missão de julgar … e já não são muitos os seus parceiros de profissão em quem possa depositar esses mesmos atributos. Fiquei triste porque sei que o universo Benfica é muito vasto actualmente e muito exigente na sua feição empresarial. O Benfica hoje é uma das maiores empresas de Portugal e uma das marcas de excelência.
Exige, por conseguinte, gente com o “vírus” empresarial bem entranhado e bem recomendado para o gerir
O Juiz Desembargador Rangel não tem, de certeza, essa virtualidade. Tem-na em tão pouca escala quanto em tão elevada tem o dom de bem julgar na sua missão de julgador de pleitos judiciais.

Mais grave ainda, fiquei desapontado.
Fiquei desapontado, e altamente, com as escolhas que o Juiz Desembargador Rangel aprontou para o acompanhar numa missão muito difícil e altamente exigente e para a qual precisava de, com efeito, gente à altura do desafio empresarial que ele não possui na sua já larga experiência de vida.
E quem escolheu ele em grandes doses?
Nada de gente nova. Nova, não no sentido literal mas que nunca tivesse prestado provas e provas frustrantes. Nova de ambições e de saberes.

E, afinal, vai escolher despeitados, gente que já passou pelo Benfica e nada fez a não ser papaguear! Gente velha nas andanças e nos processos.
Gente que, por ela, não havia hoje nova Catedral, Centro de Estágio e toda a obra circundante que compõe o enorme e moderno complexo desportivo. Gente que fugiu, cobarde, só porque o desafio era enorme e a opção pela ausência do risco é o recosto muito mais reconfortante.
Gente que, quando responsável pelas amadoras, não passou de uma obscuridade mais ou menos cinzenta e agora, para seu refrigério, vê essas mesmas amadoras passarem do marasmo dos seus tempos de governação para o esplendor das conquistas sem fim da actualidade após o seu ressabiado abandono.
Gente que já tentou governar a pasta do futebol e não fez obra de qualquer mérito, tendo abandonado quando o seu chefe presidente abandonou e convocou novas eleições, tudo por causa do falhanço desse mesmo futebol. Gente que depois se tentou alcandorar a um lugar nos meandros dos poderes do futebol e que de lá saiu, escorraçado, sem honra nem glória.

Juiz Desembargador Rangel, o que o levou a tentar tamanha missão se tão mal acompanhado se dignou rodear?
Eu não acredito que fosse para dar nas vistas porque V. Exª não precisa nem precisava disso e não será com isso que vai subir na escala de valores. Tenho dificuldade em acreditar que tenha sido “empurrado”, aceito melhor que tenha sofrido de uma ausência momentânea.
E tenho pena! Tenho pena pela consideração que sempre me estimulou como Homem da mesma formação ao serviço da Justiça.
E tenho pena porque considero que daria um bom Presidente do nosso Benfica!
Se se tivesse rodeado de companhias muito mais estimulantes, credíveis e competentes, tanto como a sua demonstrada competência nos mesteres que, até agora, lhe foram dados exercer.

6 comentários:

  1. Excelente analise companheiro.

    Foi uma oportunidade perdida

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  2. E fala quem sabe.

    Depois de breve ausência, meu caro Gil Vicente, uma "reentrada", como sempre, em grande e acutilante.

    Cumprimentos

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  3. Concordo plenamente caro amigo Gil Vicente!

    Abraço.

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  4. Caríssimo benfiquista, respeito todas as opiniões, assim como acho que a decisão dos benfiquistas deverá ser soberana e aceite por todos, mas sinceramente, Rangel não me convence, não me parece ser a alternativa que eventualmente o Benfica poderia precisar, cheira-me mais a uma pessoa de facto bem intencionada, formada, com elevação, mas muito comparável aos últimos presidentes do nosso vizinho, muito bem engravatados, mas muito pouco por dentro daquilo que é o futebol, a realidade de um clube grande e extremamente impreparado para conduzir um porta aviões que é o Benfica, no entanto, não deixo de louvar a sua iniciativa de ser candidato, o que é bom, e acho ainda que Rangel não deve ser como está a ser encarado pela actual direcção como um inimigo do clube, nada disso, é importante, tem as suas ideias e é um benfiquista com ideias de outro rumo para o Benfica.
    O meu medo, é que Rangel não tenha o carisma de liderança importante para um clube como o nosso, demonstra alguma ingenuidade e estou convicto que Rangel como Presidente rapidamente perderia essa liderança e o Benfica correria o risco de entrar novamente numa fase de instabilidade directiva e isso seria um recuo, porque com defeitos, se calhar podendo fazer melhor, a verdade é que embora de forma mais lenta que o desejável, parece-me que o Benfica tem esbatido diferenças, tem evoluído competitivamente e caminha numa lógica evolutiva.
    Se calhar, alguns que estão consecutivamente a pedir que role a cabeça do treinador e do Presidente, deveriam olhar para Alvalade e ver qual o caminho a que conduziu a permanente instabilidade directiva e técnica e isso não quero, nem desejo que aconteça ao meu clube, como infelizmente acontecia antes de LFV.

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  5. Aos meus amigos, todos, dizer-lhes que O Dr. Juiz Desembargador Rui Rangel não me parece com a bagagem necessária para liderar uma empresa do tamanho da do grupo Benfica. Podia, é certo, rodear-se de homens com essa bagagem mas fez precisamente o contrário. Rodeou-se de despeitados, Benfiquistas que já passaram pelos órgãos sociais e nada fizeram a não ser dizer mal. Nem sequer criticaram porque não apresentaram nem apresentam alternativas válidas para além da fuga ao risco e do marasmo próprio daquilo para que estão talhados. São gestores do passado e do que o Benfica precisa são gestores do presente e do futuro.

    Se estive muito tempo fora destas lides foi porque tive uma enorme encrenca com o meu computador, uma encrenca que demorou mais de 15 dias a ultrapassar e algum dinheiro. Não tenho um computador pessoal típico, o meu até o é, conquanto um pouco maior e mais pesadito. E desfiz-me há pouco tempo de outro. Acresce que ando atarefado em mudanças.

    Mas deixem-me saudar especialmente, com amizade fraternal, a nossa Rainha do Benfiquismo, da Simpatia e da Beleza.

    Um grande Abraço Benfiquista. Para a Rainha do Benfiquismo, um grande beijinho e a enorme alegria por saber que continua sempre em grande, cada vez mais jovem ... e linda!

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