quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Os aprendizes do treinamento e a ética de “Santa Bárbara”

1. O aprendiz encapuzado de “sábio” e o aprendiz da ignorância

Noticiou-se que um certo treinador caído de pára-quedas dizia publicamente, há pouquinho tempo, ir pedir “sábias lições” ao aprendiz encapuzado de “sábio”. As notícias de jornais, rádios, televisões e toda a série de pasquins que se conhecem neste acanhado e canhestro país, afirmavam e reafirmavam que as razões do treinador caído de pára-quedas radicavam no facto das vitórias, duas, alcançadas sobre o Benfica.

Boas razões, portanto, para, publicamente, realçar o seu – do dito treinador – empenho! O Benfica é grande, imenso! Por isso, toda a gente o conhece, toda a gente fala nele! Só se dá importância a quem é grande e isso é uma verdade tão categórica que até o treinador caído de pára-quedas consegue perceber, o que até já o abona um bocadinho!
Razões das mesmas, em qualquer outro clube, passariam completamente à margem, tal a sua – do clube – insignificância!

O treinador em causa é mais um espécime dos que a oficina de corrupção desportiva fabrica em modelo standard como um dos vários tipos de peças da arquitectura da mentira do futebol português. Assim, essa mesma oficina tem a certeza não apenas da docilidade do enfrentamento, quando chega a hora, como do patrocínio e da catequese que os acólitos vão pregando nas paróquias “papais”!

Dir-me-ão, com certa dose de razão, convenhamos, que um adocicado serviçal doutrinador confessar publicamente a necessidade de aconselhamento não abona as suas capacidades doutrinárias. Ademais, poderia ter ficado a dúvida sobre se as necessitadas lições versariam sobre as vitórias ou sobre as derrotas, porque o aprendiz encapuzado de “sábio” também houvera perdido por iguais vezes!

Tendo este fundo por cenário e a pública e manifesta indigência, bem “aconchegada” na sua confessa incompetência sobre a função de treinamento – aspecto este que, ao contrário dos outros, não estranha nem é surpresa nenhuma, ou não tivesse ele caído de pára-quedas – levantou-se de imediato uma dúvida sobre o tema das prementes e imprescindíveis lições!
Iria o aprendiz caído de pára-quedas perguntar como é que se ganha ao Benfica ou como é que se perde com o Benfica?

O resultado desfez a dúvida e se, relativamente à comissão fabriqueira corrupta, os factos reais são quimeras e só os factos virtuais da mentira, da manigância e da tramóia desportivas é que importam, não deixa de ser verdade que algo das “conversinhas” entre os dois aprendizes surtiu efeito.
De facto, não podemos escamotear a similitude entre o jogo de andebol praticado dentro da sua área pelos jogadores do aprendiz encapuçado de “sábio” e os do aprendiz caído de pára-quedas, sempre com o beneplácito da domesticada brandura dos homens do apito.
E no jogo das trancadas em igual cenário e com os mesmos actores, a coisa também funcionou a contento dos aprendizes!
Valeu ao Benfica que o aprendiz encapuzado de “mestre” não adestrou – ou adestrou e o aluno não desmereceu do “professor”, não aprendendo – o aprendiz caído de pára-quedas a ensinar ao árbitro a marcar penaltis quando os adversários se limitam a jogar a bola simplesmente com o peito e até com as botas dos pés!


2. A ética da mentira ou a ética de “Santa Bárbara”

Não penso enganar-me muito se disser que o Povo, a esmagadora maioria dos cidadãos deste país, tem sentido ser embalado por uma cançoneta que já há demasiados anos vem escutando e até já o despertou suficientemente para não ir mais em cantigas. Naturalmente que lhe faltam os meios, o poder como é óbvio, para mandar os cançonetistas tocar em outra paróquia, mas já se deixaram de ser ingénuos e meros consumidores da música da aldrabice com que ainda tentam embalá-los.
Com efeito, o Povo vai-se sentindo cansado de ouvir tantas vezes a palavra ética, cantarolada pelos que detêm o poder, o poder de algo importante e não somente o poder político.

É certo que esse mesmo Povo foi criado e preza demasiado os valores da honra, da palavra, da verdade, da justiça e da moral. Todavia, tem assistido às invocações de ética sempre que o orante poderoso se sente de algum modo “atrapalhado”! Nesses momentos, encher a boca com a palavra ética tem-lhe parecido, a esse mesmo Povo, a retórica ideal do desenrascanço. Aliás, agora o Povo já sabe que não parece, mas é!
E sabe também que a tal ética do poder, qualquer que seja, é a ética do tacho, da mentira, da corrupção e do compadrio.
Vejamos apenas alguns, escassos, exemplos futebolísticos.

Ainda não há muito, perante provas esmagadoras de práticas de corrupção desportiva, as mais variadas e a sua enorme maioria versada em conversas telefónicas com a rede de amigalhotes, vimos e ouvimos o principal conversador, o “gerente de caixa”, o GPS da Madalena, a invocar a Divina Providência em auxílio da sua “ética” e da sua “verdade”, mesmo depois de mentir ao próprio Papa, o verdadeiro!
Toda a gente percebeu desde então que a sua “Divina Providência” se consubstanciava na rede de amigalhaços da política, das forças ditas da ordem mas da sua ordem e, principalmente, da sua rede de amiguinhos nos meandros da (in)justiça.

E a “Santa Bárbara” da sua “ética” e da sua “verdade” acudiu-lhes, aos amásios da mesma ética, envergonhadamente, é certo! No entretanto, a “vergonha” dos “mandatários” daquela Santinha é tal que têm sempre o “raminho de oliveira” benzido para queimar nas aras do “não provado”, ou seja, em lume brando quanto baste – consegue sempre o pretendido, que é o que lhes importa – para não beliscar nenhuma consciência mais pudica e tentar convencer o Povo – que eles ainda julgam parolo – da “honestidade” das suas oratórias!

Agora é Queirós que, enrascado, ensaia a cantilena da ética.
Mas qual ética?
A que o fez treinador do sistema e mote das odes de aleluias comunicacionais, quando ele foi nomeado seleccionador?
A que o sentou reconfortadamente debaixo da asa do “papa” condenado, em busca de protecção e acomodando-se aos métodos da batota, à custa do troco da promoção de jogadores combinados, mesmo dos que tenham passado a época futebolística, ora à sombra do banco de suplentes, ora à sombra da bancada das bolas de golfe?
A ética das trapaças dos relatórios médicos a pedido dos senhores da ética do quero, posso e mando?
Estará Queirós a apelar aos amigalhaços justiceiros que se sentam nos camarotes para os quais foi convidado em tempos de ética do tacho?

Ora, tarde piou, o coitado! Como mero peão, foi escorraçado como são escorraçados os sem eira nem beira! E de pouco lhe vai valer, arrependido se mostrando na prossecução do desenrascanço, encher a boca de ética!
Acresce que não precisa de se esforçar na sua pretensa demonstração moralista! Já todos sabemos a ética que “embrulhou” o seu despejo e a ética que se encontra enraizada nos caceteiros da ética!
E Queirós também, tanto que se deixou embrulhar por ela!
Quer-nos fazer crer que é um ingénuo, ao pensar que ela agora o desenrascará!

2 comentários:

  1. Caro Gil Vicente, realmente esses treinadores de meia tigela que caem de páraquedas, nem sequer têm vergonha para esconder a sua incompetência.
    Quanto ao Queiroz, não tenho pena nenhuma dele. Que vá pedir apoio "papal"!

    Abraço.

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  2. Boas. Queirós, o Pateta Alegre, vai agora, se tudo correr bem, para o Irão, e por lá ficar. O problema é que devido às suas sumas qualidades de treinador aquilo é coisas para durar 2 ou 3 meses, que duvido que por lá haja um papa ou um Madaíl que o lá deixem pendurado tanto tempo!

    Abraço

    Márcio Guerra, aliás, Bimbosfera

    Bimbosfera.blogspot.com

    P.s.- Aquela conversa, verdadeira, de o Baía não ter ido aos sub-20, não fazendo dele campeão, com o Rui Costa, João Pinto e Figo, para ficar no Porto, foi para ficar a jogar, ou simplesmente algum arrufo com o «limpa porcaria» da selecção»? Abraço.

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