segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

O SENHOR DAS LEIS E DA JUSTIÇA



Ainda há quem vá lutando no pantanal da sociedade portuguesa dos presuntivos poderosos, dos que levaram o país para o caos da falência e agora a fazem pagar pelos inocentes falidos de trabalho e de salários. Fala-se dos que comeram o que Portugal tinha e não tinha mas eles pediram emprestado, dos que fizeram as leis para serem as suas leis, dos que obrigaram os outros a estudar no duro para os convidarem a sair da sua casa e do seu país, enquanto outros arrebanharam os tachos e recorreram às equivalências da burrice tergiversando com subterfúgios em seu favor tudo o que havia para tergiversar, competências às ordens das suas conveniências e aprendidas nas escolinhas da partidarite desde o uso dos cueiros e babetes. Agora, nada sabendo, sabem tudo muito bem, tornaram as Leis nas suas leis e a Justiça na justiça da sua absolvição.
O que é preciso é ser-se dono das leis, e das justiças e conseguir-se a cáfila de amigalhotes tarambecos prontos a ajudar nas lavagens mentais e nas execuções dos seus propósitos. Não há leis soberanas maiores fora das suas leis soberanas. Não há justiça maior nem justiça fora da sua justiça, a justiça das suas leis.
Quem disse que as leis eram iguais para todos, que ninguém estava acima da lei e que a Justiça era cega era um cego que tinha olhos e não via, estava pitosga, delírios de grandeza em sua pequenez.

No carunchento círculo futeboleiro nacional a coisa não podia ser diferente. A democracia dos presuntivos poderosos tratou de se amanhar … em nome da democracia. Cultivou as leis para serem as suas leis, instituiu a justiça desportiva para ser a sua justiça desportiva.
Exemplo mais recente, que só não é aberrante neste país comandado pela bananice que é lei nacional dos ditadores da lei e fazedores da justiça conforme à sua lei, foi o adiamento do jogo Setúbal-FC do Porto.
Bem brada Frei Tomás, tenha ele os nomes que tiver, desde Félix a Meirim! Que tudo está errado, que as leis não foram cumpridas, que a justiça não está a fazer justiça! Que devem ser punidos os dois contendores com falta de comparência! Que as leis são tão cristalinas que não permitem o mísero engano ao mais mísero analfabeto! Que é tudo tão evidente e que o desaforo, a petulância e a sem vergonha não tem limites!

Ingénuos e ignorantes estes que resistem no bradejar! As leis estão precisamente a ser cumpridas, a justiça está a fazer justiça! As leis estão a ser cumpridas pelos senhores das leis porque as leis são dos senhores das leis. E os senhores das leis não fizeram as suas leis para cumprir as suas leis porque eles são os senhores das leis. Como senhores das leis são também os senhores da justiça! E a justiça dos senhores da justiça não é para ser aplicada aos senhores da justiça. Os senhores da justiça são os donos da justiça e não os sujeitos da justiça.
Está tudo nos conformes, tudo a correr como as leis e a justiça dos senhores das leis e da justiça pensaram e assim engendraram para se tornarem os donos absolutos das suas leis e da sua justiça.
Pode o Povo inteiro do universo chamar de corruptos desportivos, de tentadores da corrupção desportiva, se preferirem, aos nossos senhores da lei e da justiça portuguesas! Ouviram as escutas e ouviram as escutas nas palavras e na boca dos próprios senhores das leis e da justiça portuguesas! Certamente só poderiam tomar essa conclusão porque eles não se forjaram, instruíram e amoldaram, nem sequer bebericaram do chiqueiro corruptivo que assola este pobre e tão velhinho país, tão velhinho que nestas coisas de leis e de justiça se tornou caquético.
Mas esse Povo do universo inteiro deu-lhe um sentido errado! Ou talvez não, talvez a troika que por aí anda os tenha instruído e ensaboado, ainda que só um pouquinho que ela, dizem, não tem muito para instruir! E então, até começaram a compreender que no país desportivo futeboleiro que é Portugal, nem com perdões totais da dívida da pulhice desportiva deste país ele voltaria ao mercado da verdade desportiva! Porque, enfim, nunca os senhores das leis e da justiça deste país admitiriam tais perdões. Enfezados no chiqueiro da aldrabice quotidiana, quanto mais dívida desportiva e outra mais anafados de pantominice se encontram! E isso é para os senhores das leis e da justiça a suprema ventura! Essa dita troika até os chama de bons alunos, imagine-se, aqueles que acobertam todo e qualquer senhor das leis e da justiça, desde que fale e sinta o mesmo querer aldrabão como é o caso dos senhores das leis e da justiça desportivas!


Proença é um beijoqueiro afamado e com bastas razões para a beijocada. Tem fabricado sempre que pode um campeão, o mesmo campeão que é o campeão da batotice desportiva, como lhe fora imposto à dobragem da sua cerviz à lei do senhor das leis e da justiça desportivas, corrupto por natureza e inimputável por ineficiência dos sobre postados acima das suas leis e da sua justiça que domina com as vaquinhas camaroteiras.
Os festins de beijocada pelos machos do rebanho são, de facto, o regalo de Proença! Aqueles machos que vão em fila indiana atraídos pelos cheiros das bufas do pastor! Todos muito agradecidos das suas oferendas! Oferendas desportivas, diga-se, que não é pelo facto de ele ser um beijoqueiro de machos que queremos ir além do facto presenciado. Não congeminamos insinuações, que nem são do nosso mundo do facto, nem nos interessam. Temos mais com que nos preocupar!

Posto isto, não é de estranhar que ele, cabelos em farripas abrilhantados com banha da cobra, daquela banha mais untuosa, apareça a mendigar mais umas apitadelas adequadas à maneira, naquele jogo cujo resultado ele está tão bem acostumado pela experiência, a madre das cousas, a construir na mascarada da sua sonata do apito.
Há experiência concreta de mendigos com colchão abarrotado de notas da sua pelintragem no exercício da sua mendigagem apalermada, coisa sempre triste de ver, um espectáculo de rastejamento que, no fim de contas, condiz com o actor e com a personagem que interpreta.
Mas a um mendigo atrás de mais umas beijocadas ainda que de falos mais ou menos amestrados ao senhor das bufas deve ser dado um desconto e até alguma condescendência. As suas inclinações são as suas inclinações e não parece que alguém o possa repreender por se dobrar ao seu senhor das leis e da justiça. Lambaz, quem o poderá criticar das tentativas nojosas para que ele tente beneficiar, lambuzando os ossos que vai roendo, de umas lambedelas jeitosas nas arenas internacionais da troika e não sofrer do rigor da austeridade caseira dos demais, daquele Povo que ele, como todos os da sua laia, tanto envergonha pela sua rastejadura insolvente?
Beijocada de Proença é compulsão de Proença … e pronto!  


Roquette fez um acordo de parceiros de estrebaria com Pinto da Costa. Roquette já então sabia de cor e salteado de que lado estava o senhor das leis e da justiça desportiva, constantemente engravidada da corrupção, prenhez que se ia renovando sem interrupção na parição contínua dessa mesma corrupção, corrupção a que a inimputabilidade do senhor das leis e da justiça desportiva chamou prosaicamente de tentativas e a justiça civil abençoou com ouvidos moucos ao palavreado da nojice combinatória de novos cobrimentos fecundizantes, por mor da constante e imprescindível prenhidão necessária à proveitosa e reiterada parição.
Não podendo vencer de outro modo – e nem assim, todavia – tão fraco se sentia e se mostrava e tão fraco transformava aquilo que dizia ser o seu clube de futebol, diferente e por ser diferente necessário era vincar essas diferenças, baixando os costados, dobrando a cerviz, beijando as alparcatas, engraxando-as com o seu salivar de cachorro escanzelado em busca das migalhas perdidas e do osso que o senhor das leis e da justiça desportivas mais não conseguia esmifrar.
Seus comparsas pretéritos seguiram-no e aquele que esperneou um pouco foi corrido do redondel porque não era diferente … do diferente!

Godinho homem das barcas voadoras em tempos de exposição, refinou. O seu clube de segunda divisão, o mesmo clube de Roquette e seus muchachos, já não é agora um clube só das migalhas e do osso lambido. Esse seu dito clube foi decaindo, decaindo até se transformar no caixote do lixo daquela porcaria que estorva ao senhor das leis e da justiça desportiva, aquela imundice que a boa, a excelente, a ímpar organização desportiva também vai produzindo contra as preces doutrinárias dos avençados devotos ou convictos pela doutrinação, da palavra e da moca, uma porcalhada que, ao que soa, nos últimos tempos tem aumentado de actividade em proporção geométrica nunca vista ou querida ver. E como necessário se torna cumprir as metas de poluição de Quioto, nesta exemplar e ímpar organização desportiva, acrescida e bastante da falta de meios para pagar os salários quanto mais investimentos anti poluidores – exceptuam-se as abastadas comissões mas essas, desconfiam e assim o vão dizendo, estão sendo guardadas em contas pessoais de paraísos fiscais e sem resquício de poluição porque as ventosidades do senhor das bufas vai afastando o pó – faz um grande jeito aproveitar-se da lixeira de Alvalade, um jeito que sempre se tem sabido pôr a jeito, ficando aquela cada vez mais desproporcionada lixeira a salvo de alguma multa por, de outro modo, ser obrigada a enfiar o lixo que abunda nalgum contentor não apropriado e licenciado fora das leis e da justiça do senhor das leis e da justiça desportivas.

Não é que ser caixote do lixo, o novo sucedâneo da migalhice perdida ou mais avara e dos ossos lambidos que iam caindo da manjedoira do senhor das leis e da justiça desportivas signifique alguma graça “papal” para Godinho e o seu dito ainda clube. Não, a espinha dobrou mais, o rastejamento tornou-se no modo de vida ininterruptamente compulsivo e a salivação pelo mais indigente naco de lixo exponenciou. Agora, mais do que o tributo e submissão, a senhoriagem prestada ao senhor das leis e da justiça desportivas, é ainda inevitável ceder em troca o lixo menos mau da lixeira de Alvalade.
Godinho terá dito, em suma ao seu senhor e senhor das leis e da justiça desportivas:

— A minha lixeira de Alvalade tresanda – a do “papa” também mas é no engravidecer e parição ininterrupta de corrupção desportiva, com os chafurdos próprios das esquivanças diurnas e noturnas de tipo alterne – e o meu dito clube – nem Godinho já sabe se tem ou não clube – não consegue ganhar nada nem que eu me farte de oferecer o lixo menos lixo, que outros até me dizem, “não, obrigado”, a esse lixo menos lixo. E nem sei para onde me virar porque dinheiro não há para mandar tocar um cego, quanto mais para armazenar lixo sobre lixo. Olha, tu que és o meu senhor e senhor das leis e da justiça desportivas não queres trocar o teu lixo mesmo lixo pelo meu lixo menos lixo?

— Dobra-te bem aí, dá cá um beija pés salivoso e labrego à tua medida e engraxa-me as alparcatas com esse teu salivar estentóreo que, enquanto me aprouver o teu capachismo, vou tentar evitar o estertorar, teu e daquele que ainda chamas de teu moribundo clube.
E até, penso eu de que, salvar o meu, não da corrupção desportiva que eu assim o amestrei ao menos para todo o sempre em que a minha carcaça o puder ir comendo sabichosa e em lume brando para não dar brado aos meus cordeirinhos tão bem domesticados. É que a coisa, a coisa das comissões de que tanto falam, sabes, servo meu, está diminuindo que até me faz dor de corno. Deve ser da maldita austeridade que, enfim, se não me toca – ai, as minhas comissõezinhas paradisíacas são o meu enlevo e a minha adoração, mai-la da senhora Fernanda, devo acrescentar – quer tocar e desalmadamente o meu clubezeco de bairro, penso eu de que.

— Negócio fechado, meu corrupto senhor das leis e da justiça desportivas!

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