Ainda
há quem vá lutando no pantanal da sociedade portuguesa dos presuntivos poderosos,
dos que levaram o país para o caos da falência e agora a fazem pagar pelos
inocentes falidos de trabalho e de salários. Fala-se dos que comeram o que
Portugal tinha e não tinha mas eles pediram emprestado, dos que fizeram as leis
para serem as suas leis, dos que obrigaram os outros a estudar no duro para os
convidarem a sair da sua casa e do seu país, enquanto outros arrebanharam os
tachos e recorreram às equivalências da burrice tergiversando com subterfúgios
em seu favor tudo o que havia para tergiversar, competências às ordens das suas
conveniências e aprendidas nas escolinhas da partidarite desde o uso dos
cueiros e babetes. Agora, nada sabendo, sabem tudo muito bem, tornaram as Leis
nas suas leis e a Justiça na justiça da sua absolvição.
O
que é preciso é ser-se dono das leis, e das justiças e conseguir-se a cáfila de
amigalhotes tarambecos prontos a ajudar nas lavagens mentais e nas execuções
dos seus propósitos. Não há leis soberanas maiores fora das suas leis
soberanas. Não há justiça maior nem justiça fora da sua justiça, a justiça das
suas leis.
Quem
disse que as leis eram iguais para todos, que ninguém estava acima da lei e que
a Justiça era cega era um cego que tinha olhos e não via, estava pitosga, delírios
de grandeza em sua pequenez.
No
carunchento círculo futeboleiro nacional a coisa não podia ser diferente. A
democracia dos presuntivos poderosos tratou de se amanhar … em nome da
democracia. Cultivou as leis para serem as suas leis, instituiu a justiça
desportiva para ser a sua justiça desportiva.
Exemplo
mais recente, que só não é aberrante neste país comandado pela bananice que é
lei nacional dos ditadores da lei e fazedores da justiça conforme à sua lei,
foi o adiamento do jogo Setúbal-FC do Porto.
Bem
brada Frei Tomás, tenha ele os nomes que tiver, desde Félix a Meirim! Que tudo
está errado, que as leis não foram cumpridas, que a justiça não está a fazer
justiça! Que devem ser punidos os dois contendores com falta de comparência!
Que as leis são tão cristalinas que não permitem o mísero engano ao mais mísero
analfabeto! Que é tudo tão evidente e que o desaforo, a petulância e a sem
vergonha não tem limites!
Ingénuos
e ignorantes estes que resistem no bradejar! As leis estão precisamente a ser
cumpridas, a justiça está a fazer justiça! As leis estão a ser cumpridas pelos
senhores das leis porque as leis são dos senhores das leis. E os senhores das
leis não fizeram as suas leis para cumprir as suas leis porque eles são os
senhores das leis. Como senhores das leis são também os senhores da justiça! E
a justiça dos senhores da justiça não é para ser aplicada aos senhores da
justiça. Os senhores da justiça são os donos da justiça e não os sujeitos da
justiça.
Está
tudo nos conformes, tudo a correr como as leis e a justiça dos senhores das
leis e da justiça pensaram e assim engendraram para se tornarem os donos
absolutos das suas leis e da sua justiça.
Pode
o Povo inteiro do universo chamar de corruptos desportivos, de tentadores da
corrupção desportiva, se preferirem, aos nossos senhores da lei e da justiça
portuguesas! Ouviram as escutas e ouviram as escutas nas palavras e na boca dos
próprios senhores das leis e da justiça portuguesas! Certamente só poderiam
tomar essa conclusão porque eles não se forjaram, instruíram e amoldaram, nem
sequer bebericaram do chiqueiro corruptivo que assola este pobre e tão velhinho
país, tão velhinho que nestas coisas de leis e de justiça se tornou caquético.
Mas
esse Povo do universo inteiro deu-lhe um sentido errado! Ou talvez não, talvez
a troika que por aí anda os tenha instruído e ensaboado, ainda que só um
pouquinho que ela, dizem, não tem muito para instruir! E então, até começaram a
compreender que no país desportivo futeboleiro que é Portugal, nem com perdões
totais da dívida da pulhice desportiva deste país ele voltaria ao mercado da
verdade desportiva! Porque, enfim, nunca os senhores das leis e da justiça
deste país admitiriam tais perdões. Enfezados no chiqueiro da aldrabice
quotidiana, quanto mais dívida desportiva e outra mais anafados de pantominice se
encontram! E isso é para os senhores das leis e da justiça a suprema ventura!
Essa dita troika até os chama de bons alunos, imagine-se, aqueles que acobertam
todo e qualquer senhor das leis e da justiça, desde que fale e sinta o mesmo
querer aldrabão como é o caso dos senhores das leis e da justiça desportivas!
Proença
é um beijoqueiro afamado e com bastas razões para a beijocada. Tem fabricado sempre
que pode um campeão, o mesmo campeão que é o campeão da batotice desportiva,
como lhe fora imposto à dobragem da sua cerviz à lei do senhor das leis e da
justiça desportivas, corrupto por natureza e inimputável por ineficiência dos
sobre postados acima das suas leis e da sua justiça que domina com as vaquinhas
camaroteiras.
Os
festins de beijocada pelos machos do rebanho são, de facto, o regalo de Proença!
Aqueles machos que vão em fila indiana atraídos pelos cheiros das bufas do
pastor! Todos muito agradecidos das suas oferendas! Oferendas desportivas,
diga-se, que não é pelo facto de ele ser um beijoqueiro de machos que queremos
ir além do facto presenciado. Não congeminamos insinuações, que nem são do
nosso mundo do facto, nem nos interessam. Temos mais com que nos preocupar!
Posto
isto, não é de estranhar que ele, cabelos em farripas abrilhantados com banha
da cobra, daquela banha mais untuosa, apareça a mendigar mais umas apitadelas
adequadas à maneira, naquele jogo cujo resultado ele está tão bem acostumado
pela experiência, a madre das cousas, a construir na mascarada da sua sonata do
apito.
Há
experiência concreta de mendigos com colchão abarrotado de notas da sua
pelintragem no exercício da sua mendigagem apalermada, coisa sempre triste de
ver, um espectáculo de rastejamento que, no fim de contas, condiz com o actor e
com a personagem que interpreta.
Mas
a um mendigo atrás de mais umas beijocadas ainda que de falos mais ou menos
amestrados ao senhor das bufas deve ser dado um desconto e até alguma
condescendência. As suas inclinações são as suas inclinações e não parece que
alguém o possa repreender por se dobrar ao seu senhor das leis e da justiça.
Lambaz, quem o poderá criticar das tentativas nojosas para que ele tente beneficiar,
lambuzando os ossos que vai roendo, de umas lambedelas jeitosas nas arenas
internacionais da troika e não sofrer do rigor da austeridade caseira dos
demais, daquele Povo que ele, como todos os da sua laia, tanto envergonha pela
sua rastejadura insolvente?
Beijocada
de Proença é compulsão de Proença … e pronto!
Roquette
fez um acordo de parceiros de estrebaria com Pinto da Costa. Roquette já então
sabia de cor e salteado de que lado estava o senhor das leis e da justiça
desportiva, constantemente engravidada da corrupção, prenhez que se ia
renovando sem interrupção na parição contínua dessa mesma corrupção, corrupção
a que a inimputabilidade do senhor das leis e da justiça desportiva chamou
prosaicamente de tentativas e a justiça civil abençoou com ouvidos moucos ao
palavreado da nojice combinatória de novos cobrimentos fecundizantes, por mor
da constante e imprescindível prenhidão necessária à proveitosa e reiterada
parição.
Não
podendo vencer de outro modo – e nem assim, todavia – tão fraco se sentia e se
mostrava e tão fraco transformava aquilo que dizia ser o seu clube de futebol,
diferente e por ser diferente necessário era vincar essas diferenças, baixando os
costados, dobrando a cerviz, beijando as alparcatas, engraxando-as com o seu
salivar de cachorro escanzelado em busca das migalhas perdidas e do osso que o
senhor das leis e da justiça desportivas mais não conseguia esmifrar.
Seus
comparsas pretéritos seguiram-no e aquele que esperneou um pouco foi corrido do
redondel porque não era diferente … do diferente!
Godinho
homem das barcas voadoras em tempos de exposição, refinou. O seu clube de
segunda divisão, o mesmo clube de Roquette e seus muchachos, já não é agora um
clube só das migalhas e do osso lambido. Esse seu dito clube foi decaindo,
decaindo até se transformar no caixote do lixo daquela porcaria que estorva ao
senhor das leis e da justiça desportiva, aquela imundice que a boa, a
excelente, a ímpar organização desportiva também vai produzindo contra as
preces doutrinárias dos avençados devotos ou convictos pela doutrinação, da
palavra e da moca, uma porcalhada que, ao que soa, nos últimos tempos tem
aumentado de actividade em proporção geométrica nunca vista ou querida ver. E
como necessário se torna cumprir as metas de poluição de Quioto, nesta exemplar
e ímpar organização desportiva, acrescida e bastante da falta de meios para
pagar os salários quanto mais investimentos anti poluidores – exceptuam-se as abastadas
comissões mas essas, desconfiam e assim o vão dizendo, estão sendo guardadas em
contas pessoais de paraísos fiscais e sem resquício de poluição porque as
ventosidades do senhor das bufas vai afastando o pó – faz um grande jeito
aproveitar-se da lixeira de Alvalade, um jeito que sempre se tem sabido pôr a
jeito, ficando aquela cada vez mais desproporcionada lixeira a salvo de alguma
multa por, de outro modo, ser obrigada a enfiar o lixo que abunda nalgum
contentor não apropriado e licenciado fora das leis e da justiça do senhor das
leis e da justiça desportivas.
Não
é que ser caixote do lixo, o novo sucedâneo da migalhice perdida ou mais avara
e dos ossos lambidos que iam caindo da manjedoira do senhor das leis e da
justiça desportivas signifique alguma graça “papal”
para Godinho e o seu dito ainda clube. Não, a espinha dobrou mais, o
rastejamento tornou-se no modo de vida ininterruptamente compulsivo e a
salivação pelo mais indigente naco de lixo exponenciou. Agora, mais do que o tributo
e submissão, a senhoriagem prestada ao senhor das leis e da justiça
desportivas, é ainda inevitável ceder em troca o lixo menos mau da lixeira de
Alvalade.
Godinho
terá dito, em suma ao seu senhor e senhor das leis e da justiça desportivas:
—
A minha lixeira de Alvalade tresanda – a do “papa”
também mas é no engravidecer e parição ininterrupta de corrupção desportiva,
com os chafurdos próprios das esquivanças diurnas e noturnas de tipo alterne –
e o meu dito clube – nem Godinho já sabe se tem ou não clube – não consegue
ganhar nada nem que eu me farte de oferecer o lixo menos lixo, que outros até
me dizem, “não, obrigado”, a esse
lixo menos lixo. E nem sei para onde me virar porque dinheiro não há para
mandar tocar um cego, quanto mais para armazenar lixo sobre lixo. Olha, tu que
és o meu senhor e senhor das leis e da justiça desportivas não queres trocar o
teu lixo mesmo lixo pelo meu lixo menos lixo?
—
Dobra-te bem aí, dá cá um beija pés salivoso e labrego à tua medida e engraxa-me
as alparcatas com esse teu salivar estentóreo que, enquanto me aprouver o teu
capachismo, vou tentar evitar o estertorar, teu e daquele que ainda chamas de
teu moribundo clube.
E
até, penso eu de que, salvar o meu, não da corrupção desportiva que eu assim o
amestrei ao menos para todo o sempre em que a minha carcaça o puder ir comendo
sabichosa e em lume brando para não dar brado aos meus cordeirinhos tão bem
domesticados. É que a coisa, a coisa das comissões de que tanto falam, sabes,
servo meu, está diminuindo que até me faz dor de corno. Deve ser da maldita
austeridade que, enfim, se não me toca – ai, as minhas comissõezinhas paradisíacas
são o meu enlevo e a minha adoração, mai-la da senhora Fernanda, devo
acrescentar – quer tocar e desalmadamente o meu clubezeco de bairro, penso eu
de que.
—
Negócio fechado, meu corrupto senhor das leis e da justiça desportivas!
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