segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O hipermercado dos campeonatos de futebol

Disse um dia Sir Alex Ferguson – e, na Inglaterra, alguém com a “comenda” de SIR no futebol só pode ser mesmo alguém que de futebol muito percebe – que o FC Porto comprava o produto campeonatos no supermercado.

Não se sabe se a tradução teria sido correcta quanto à dimensão da loja, se Sir Alex Ferguson se referia à loja mais pequena ou à maior delas.
Sabemos, isso sim, é a intenção com que o disse e não precisou de ouvir as “escutas” no youtube para o saber.
Sir Alex Ferguson sentiu na pele, numa célebre eliminatória da Liga dos Campeões, a grandeza da loja e não lhe foi difícil concluir que, se internacionalmente era assim, que seria dentro de casa com a bênção de todos os, não aprendizes de aplicação de leis, mas de subidos sabidos com distinção, que nessa aplicação sabem dar os temperos e condimentos necessários e desejados ao caso, normalmente através do lavar das mãos à Pilatos com o detergente do “não provado”, aquele detergente que lava tudo e tudo branqueia, no mundo da (in)justiça, naturalmente.

Ao assistir-se às duas primeiras jornadas do presente campeonato de futebol, conclui-se sem a menor dificuldade que a frase de Sir Alex Ferguson só pode estar actualizadíssima.
É claro que ela tem de ser interpretada à luz do presente, em especial da crise económico-financeira que alastra por todo o Mundo, com especial vocação em Portugal, e que não podia, como é óbvio, deixar o futebol indiferente.

Comece-se pelo comprador e verifique-se facilmente que ele não tem qualidades abonatórias – e agora só se querem pôr em relevo as futebolísticas – para adquirir o produto por preço justo.
Então, que faz o vendedor e os seus lacaios agentes de apito na boca?
Desce o preço! Desce o preço de tal forma que oferece o produto praticamente de borla, se é que mesmo não paga por vendê-lo!
Depois, não satisfeito – o vendedor e seus lacaios de apito na boca – coloca todos os criados em acção, transportando o produto, dando-lhe todas as aparadelas e as brilhantinas necessárias para que o comprador não se arrependa e mantenha o seu apetite aguçado na compra.
A côdea como recompensa há chegar!

Ao ver-se todo este afã do vendedor em vender o seu produto por tão baixo preço e com tantas deferências e mordomias, tudo muito bem coordenado em réplicas que não desmerecem dos originais, fica-se com a nítida sensação de que o recheio do super ou hipermercado já está todo vendido e que o comprador já pode encomendar o fato engomado, com colete, faixas, gravata e tudo.

Que fazem os aplicadores das leis, para já, as desportivas?
O que sempre fizeram, que foi para isso que foram lá colocados e que é por isso que os tachos se mantêm disponíveis!

Quanto aos restantes … existem várias alternativas e variadas apetências!

Alguns, que tinham legítimas expectativas de poderem conseguir a compra do produto com o seu suor, sangue e lágrimas, mas ainda mais com o seu virtuosismo e as suas qualidades sãs, esses não conseguem competir no preço, que o super ou hiper vendedor está programado para entregar o produto, ainda que seja preciso, como é o caso, pagar para vender! A compensação surgirá, enquanto souber mijar bem dentro do penico e for prestável. Quando o vendedor fica velho, acontece-lhe o que acontece aos trapos, que ele em trapos se tornou para o comprador.

Outros, ainda poucos, lutarão por conseguir as suas côdeas de modo a não serem obrigados a pedinchar as migalhas na mercearia secundária do seu bairro.

A maioria são mirones, mas mirones interventivos … quando têm a missão de servir o dono, esfarrapando-se dentro do campo, à canelada, ao soco e à patada, tudo muito benzido pelos lacaios do apito, de dente afiado para ferrar as canelas daqueles que tentem disputar, por lisuras destes costumadas mas não do dono daqueles.
Mirones passivos ou interventivos na mordomia directa, quando o dono os coloca em sentido!

Sir Alex Ferguson, se apenas citou o supermercado, não conseguiu com o termo e seu conceito abarcar a realidade actual!
De facto, a fartura de oferendas do vendedor, o afã canino dos lacaios serventes de apito na boca, é tudo em tal profusão que até um hiper se sentirá acanhado de dimensão!
O vendedor vende barato, desunha-se em mordomias e reverências, paga mesmo para vender.

Em tal cenário, não custa a crer que o preço da fruta tenha sofrido igualmente deflação, conquanto a quantidade da mesma fruta se deva ter fortemente inflacionado.
Neste cenário, é mesmo convicção de que o avaliador juiz Mortágua já seria bem capaz de considerar os 500 contos um preço muito razoável para a época em que estamos e para o bem anafado cortejo de mordomeiros que se perfilam a servir o seu amo.


Quando um tal Falcão, sem que alguém lhe perguntasse e menos o responsabilizasse pelo que quer que fosse, afirmou, «não sou ladrão, nunca tirei nada a ninguém» … houve gente que ficou admirada ou até embasbacada, pensando, erradamente, no destempero da afirmação não solicitada nem mesmo provocada, mas espontânea.
Sem razão!

Falcão não é tão imbecil que possa começar a dizer disparates a torto e a direito, sem a mínima justificação. Quando um jogador, depois de afirmar algumas vezes que deseja jogar num campeonato diferente e economicamente muito mais apelativo, que deseja sair de onde está, aumenta o prazo do seu contrato e o valor da sua cláusula de rescisão, sempre renovando a partir daí os desejos que antes manifestara, não pode ser parvo, como se poderá ser tentado a pensar!
E foi precisamente a isso que Falcão se referia! Ele não é ladrão e nunca tirou nada a ninguém! Limitou-se a colher o que, de livre vontade, assinou e fez assinar … e lhe foi prometido!
Mas não só.

Falcão viveu pouco tempo no reino governado pelo comprador de campeonatos! Sendo esperto como o demonstrou com a renovação, não lhe foi difícil confirmar como se ganham campeonatos e outros títulos naquela espelunca de corrupção desportiva!
O seu “grito”, intempestivo se parecendo, não foi mais do que um colocar os pontos nos iis!
Não foi ele, com efeito, que roubou, que comprou os campeonatos!
E quis que a coisa ficasse bem explícita!
Não só ele não estaria acostumado à forma subterrânea como se surripiam campeonatos e outros títulos à verdade desportiva, mas ainda sabe que vai para um clube de futebol que não tem artes nem posses para, no seu campeonato, conseguir a façanha.


Tem-se conseguido ouvir alguns impropérios contra a nossa Benfica TV, dirigentes do Benfica e desta – de Benfiquistas, que os ditos de outros não interessam – a propósito do acabar de programas que, dizem os descontentes, não deveriam terminar porque os mesmos programas têm estas virtudes, mais aquelas!
Em regra, fazem eco das lamúrias dos autores intérpretes de tais programas, todos achando que quem dirigiu as coisas noutro sentido foi por causa daquela panelinha e desta, ou devido às “descobertas” antipatias ou mais que sabidas, dos ditos, maléficas medidas de gestão de quem manda por legitimidade de mandato!

Já não surpreende a lamúria!
E muito menos surpreende que, quem se lamuria, acuse os outros de julgarem que a coisa é deles, desses outros, quando ela é do Benfica, dando com tal procedimento o mais comprovado testemunho de que são os mesmos, os ditos, que pretendem fazer suas as coisas que são apenas e só do Glorioso Benfica!
Mas nem se dão conta do ridículo da sua contradição!

Ridículo é também alguns Benfiquistas, sabedores de toda a ciência patética da bola, confrontarem a inscrição de César Peixoto com a exclusão de Capdevila.
Um é português e outro é estrangeiro, sabendo todos que a UEFA impõe regras quanto ao número de uns e de outros.
O que poderia ser legítimo seria confrontar o defesa espanhol com outro estrangeiro. Jorge Jesus fê-lo, dizendo que preferia ter alguém – um estrangeiro – disponível para várias posições do que outro – também estrangeiro – que só faz uma posição.

Havia que fazer opções. Elas foram feitas e assumidas por quem tem legitimidade para isso.
Pode ter errado?
Se alguém te disser, «eu nunca errei», responde-lhe: «então, nunca trabalhaste»!

2 comentários:

  1. Gil Vicente, tens toda a razão. Blogs destes dão vontade de ler.

    Tomás Pizarro

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  2. ASSINO POR BAIXO

    EM LEIRIA TAMBEM HÁ HIPERS

    É SEMPRE EM FRENTE

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