domingo, 27 de janeiro de 2013

Os benfi(quistos) e o invencioneiro patenteado



O Benfica ganhou o jogo em Braga. Não assisti a ele, nem presencialmente, nem por TV ou NET.
Tudo conselho médico porque a vivência do meu Benfica é tal que o coração treme com a pressão arterial a pular para valores alarmantes que nem os calmantes em dose dupla conseguem serenar a ansiedade no decorrer da hora e meia até ao conhecimento do resultado final.
Tudo isto, mais os cabelos brancos, tem uma explicação, “penso eu de que”!

Eu fui criado desde jovem com o Benfica a subir, a subir, a dar cada vez mais alegrias aos Benfiquistas, a atingir o auge da grandiosidade em que se transformou em todos os sentidos. Eram tempos em que assistir a um jogo do meu Glorioso ou ao seu relato não trazia opressão porque a vitória era certa.
As pequenas excepções só confirmavam a regra.

De há cerca de 30 anos para cá, a coisa modificou-se bastante porque a corrupção desportiva assentou arraiais no futebol luso, tanto como a impunidade e a inimputabilidades dos corruptores.
E os Benfiquistas, desacostumados, também deram alguma contribuição ao desaforo com as suas tricas internas, a sua desunião destruidora da sua eterna e gloriosa divisa.
Mas, adiante.

Creio que todos os do meu tempo concordam em absoluto de que tais vitórias e alegrias se deviam aos grandes jogadores e às grandes equipas que o Benfica conseguia reunir.
Sabem, inclusive, que, quer o FC Porto, quer o SCP, pagavam maiores ordenados aos seus jogadores do que o Benfica. Mas a grande maioria dos jogadores, só portugueses, como se sabe, preferia o Benfica porque os prémios pelas brilhantes vitórias e a fama daí advinda mais do que compensavam as diferenças de ordenados.

Isto significa que o dinheiro contava, não há dúvidas, mas esse dinheiro saía do suor, da garra, do “comer da relva” para cada vez mais glorificar o Glorioso Benfica. Era dinheiro que saía da vitória e não do orçamento. O Benfica era, como é, um clube do Povo, não um clube de ricos ou de suposto sangue azul, nem um clube de corruptos.
Esses tinham, como é óbvio, orçamentos maiores do que o seu mas as vitórias eram dele, do Glorioso, e não desses orçamentos superiores.



Depois de sabido o resultado de Braga, claro, dei uma volta pelas notícias na net. Dessas notícias retirei algumas conclusões:

— Um dos melhores espectáculos futebolísticos presenciados esta temporada, dados pelos jogadores das duas equipas;

— Uma grande jogada táctica preparada e concretizada por Jorge Jesus que surpreendeu Peseiro;

— Duas grandes jogadas futebolísticas na origem dos golos marcados, só possíveis pela genialidade dos nossos jogadores e pelo sistema táctico adoptado;

— Uma gestão do resultado feita pelo Benfica na segunda parte, substituindo o platonismo do “ganhar e encantar” pela realidade do amealhar dos três pontos;

— Um lesão do defesa-central Jardel, visível antes do golo do Braga, que lhe retirou faculdades, provavelmente causais do golo sofrido, mas que ele foi aguentando, embora diminuído.



Nem me dou ao trabalho de classificar alguns comentários de Benfiquistas acerca desta prestação futebolística do Benfica. Cada um é livre de se expressar e responsável pelo que expressa. Respeito tudo isso desde que crítica e não maledicência ainda que encoberta, conquanto não deixe de dizer, na mesma linha de exigência de respeito, pelas minhas e pelas dos outros Benfiquistas, que alguns desses comentários me soam a ridículos.
Todavia, o seu a seu dono.



Pelo que escrevi acima, não deixo passar em claro um desses comentários “on line” numa notícia mesma via de um jornal desportivo. Um comentário de alguém que se autointitula benfiquista.
Vamos supor que sim!

Em síntese, escreve ele:

«Mas tenho de dizer que um clube com a dimensão e com o orçamento do Benfica, deveria conseguir vencer facilmente equipas e clubes que são muito mais pequenos. Isso não se verifica o Benfica tem enormes dificuldades com o Braga»

Perante esta curiosa extravagância – não consigo outra expressão que transmita melhor o meu sentimento perante ela – só posso concluir duas coisas:

— Trata-se muito provavelmente de uma tese retirada de uma qualquer “investigação”, com maior ou menor grau “científico”, que pretende provar ser o dinheiro, via orçamento, o agente executor exclusivamente determinante das vitórias futebolísticas;

— Um jogo entre duas equipas de orçamentos desiguais não é, afinal, um jogo de futebol mas um mero “pro forma” em que a equipa de maior orçamento está obrigada a dar baile de golos e a alcançar vitórias engalanadas, ao mesmo tempo que a equipa de menores recursos, antecipada e inevitavelmente condenada, vai para o campo com o sentimento de uma besta na arena para defrontar um conjunto de leões e hienas, saindo de lá vergada ao peso de um bailarico repleto de golos no papo, mais do que mortinha de que o “sacrifício” termine quanto antes;

— E sendo assim, tem havido por esse Mundo inteiro milhões de pessoas a viverem as suas vidas de paixão futebolística completamente enganadas, sempre pensando serem as melhores equipas e que contam normalmente com os melhores jogadores – sem esquecer um pouco de sorte que é imponderável e aleatória – as que, ao menos, mais normalmente conseguem obter essas mesmas vitórias futebolísticas, mas só depois de lutarem por elas porque os seus adversários se não consideram meros verbos de encher.



Sabíamos que, de há cerca de 30 anos para cá, realmente o dinheiro tem tido uma certa e decisiva influência extra mas distribuído na compra de “fruta”, nas viagens pagas a árbitros, nos “quinhentinhos”, nos aconselhamentos matrimoniais acompanhados ou não de café com leite, na distribuição de envelopes com quantias “miseráveis” – imaginem se o juiz Mortágua tivesse adivinhado a crise actual, pois seria certo que lhe ia faltar adjectivo adequado – e noutras manigâncias do género que alguém condenou eufemisticamente por “tentativa” de corrupção desportiva e outros lavaram as mãos na sua justiça da Injustiça.

Mas pode acontecer, no entanto, que sejamos nós, os outros Benfiquistas, acompanhados, crê-se bem, de muitos milhões de habitantes deste planeta, os ignorantes! Tão ignorantes que não demos conta de que determinadas “façanhas” deveriam ter sido milagres mais do que suficientes para uma canonização, se não mesmo santificação, de quem as praticou!
Vou dar apenas dois meros exemplos, não acontecidos com o Benfica porque, afinal, é o Benfica que está em causa na publicação da nova tese revolucionária, acrescente-se, e há, mesmo neste solo pátrio, clubes de futebol com orçamentos superiores.
Aqui vai.

Na época futebolística anterior e já nesta em curso, o Gil Vicente ganhou (3-1) e empatou (0-0) com o FC Porto.
Pois bem, só a nossa ignorância da nova invencionice é que nos fez esquecer, a nós, outros Benfiquistas, de que, afinal de contas, tudo decorreu dentro da “normalidade”, ali naqueles desafios futebolísticos, de acordo com essa nova tese!
No fim de contas, o que é o orçamento do Braga comparado com o do Gil Vicente?
Uma ninharia!!!
E mesmo o orçamento do FC Porto?
Igualmente uma bagatela!!! Talvez menos bagatela da que a do Braga mas, ainda assim, uma bagatela se comparado com o do Gil!!!...

No fim disto tudo, e se me é permitido na minha tacanhez perante tese tão excêntrica e, ao que julgo, inédita, um conselho ao seu autor:

«Trate já de registar internacionalmente a sua patente – se ainda o não fez, é claro – porque a publicidade que resolveu atribuir à sua extravagante “invenção” pode vir a causar-lhe graves dissabores de paternidade»!

3 comentários:

  1. Infelizmente caro Gil Vicente, temos por aí alguns "benfiquistos" quer como bloggers, quer como "comentadores" em certos bons blogs, mas permeáveis a esse tipo de gente.
    Temos por aí um blog de grande qualidade que está a ser destruído por esses "comentadores", que são apenas uma pessoa que debita em cada post 6, 7 comentários num universo de 11 ou 12(+-) no total. Já chamaram a atenção ao dono desse blog o que estava a acontecer, mas ele continuou a a deixar o maldizente continuar a sua saga. O resultado é muito simples, quem comenta honestamente está a deixar de aparecer e só a alcoviteira praticamente lá vai.
    É triste o que se está a passar nesse blog, mas se o seu dono permite... Espero que quando ele vir a realidade não seja tarde demais para reabilitar o blog.

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  2. Caríssimo

    No meu blogue e para serem publicados, os comentários têm de obedecer a certas regras. Não podem ser ofensivos ou injuriosos. Devem usar linguagem decente e não haver ataques pessoais. Devem referir-se, de algum modo, ao tema do post, podendo criticá-lo, concordando ou discordando mas neste caso sempre respeitando as ideias dos outros.

    Concordo inteiramente com a sua análise.

    No meu blogue escrevo essencialmente porque me dá gozo escrever e não para ter especificamente comentários.
    Mas há blogues, e o que refere parece ser um bom exemplo, que só existem se tiverem muita ou alguma gente a comentar o que lá escrevem. Por isso, eu já poucos visito e quando digo poucos refiro-me a blogues de Benfiquistas ou alguns que assim se intitulando mais parecem adeptos do clube da corrupção desportiva ou da descendência de sangue azul mas bolsos vazios. E nunca se sabe! O que se sabe é que esse "carimbo" de Benfiquista é muitíssimo mais prejudicial ao Benfica de que todas as aldrabices desportivas cometidas por quem foi condenado por corrupção desportiva na forma tentada.
    Se eu quisesse o mesmo, sei bem como se faz. Basta ter-se uma linguagem ofensiva, escolherem-se temas controversos daqueles que sabemos vão pôr todos "à bulha", uns contra os outros, uns a favor e outros contra, sem respeito mútuo pelas ideias dos outros e escrever bitaites a torto e a direito.

    Cordiais saudações Benfiquistas

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  3. Prezado Gil Vicente, concordo inteiramente com o seu comentário.
    O seu post versou num dos aspectos sobre os benfiquistas, ou melhor, benfiquistos, que fazem mais mal ao clube do que os famosos anti de pacotilha. Foi só sobre esse ponto que comentei e dei um exemplo do que se passa por aí. Certos personagens infiltram-se de facções anti-LFV e JJ no blog e escrevem mentiras às carradas, manipulando também a informação na caixa de comentários em cada post que surja.
    O seu blog sei que não é assim e que só aparece o comentário se for honesto e decente e assim deve ser quanto a mim. Não estava minimamente referir-me a si, nem à quantidade de comentários que tem. Apenas referia como se pode destruir um bom blog ao deixar-se entrar esse tipo de gente sem a espinha direita. Mais vale um bom comentário, que todos e mais algum sem ponta por onde se pegue.

    Cumprimentos.

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