Que sonhas tu, rebelde coração ...
Que sonhas tu, rebelde coração,
Desafinando em viver de ansiedade,
Tornando-me viva e dolorosa tal verdade
Duma vivência ansiada em devoção?
Por que hás tu na sombra conspirar
Num ladino complôt contr’ ó sorrir,
Que tanto minhas preces te recusas a ouvir,
Meus ais, meus tormentos vãos p’ra t’ alegrar?
Neste peito te sentes assim tão comprimido?
E esbracejas nesta ingente dose de tortura
Em cadências que cavalgam minha desilusão,
Deixando assim meu ser pequeno e despido
De êxtases e bem nutrido de loucura?
Ó, que tanto me torturas, rebelde coração!
E nesta hora de Graças tantas...
E nesta hora de graças tantas, refulgentes,
Que este meu Benfica Glorioso me pespega
Em excelsa graça de Jesus com suas gentes,
Graças tantas na mirífica arte sua da refrega!
E a Águia ao gentio faz vergar em devoção
Em seu voo imperial de domínio e altivez
Que dele, Benfica, faz graça natural de campeão
E sentir ao mundo circundante a sua pequenez!
Por isso, coração que tanto t’ inquietas,
Que em êxtase, enlevado e mui agradecido
Dentro deste peito, deste berço, deste ninho
Num arroubo de paixão, de doçuras, de carinho,
Em dolce ânsia, honores de devoção, enternecido,
Por que não sonhas, te exaltas e t’ aquietas?
Mas hás por bem ...
Mas hás por bem inquietar-me de tormento
Nesta ansiedade que aperta este pobre coração?
É por bem saberes que, por ti, é eterna a devoção?
Que infindas estas horas, tresloucado sofrimento!
Por que te atrasas, ó tempo do êxtase, da vaidade?
E sobram esbirros vãos de malfadado adiamento?
Ai, que o tormento é longo e a felicidade um momento!
Só qu' um segundo d' Amor por ti vale a eternidade!
Acode-me este Amor ardente, esta alegria imensa
De pertencer ao mais belo, ao sempre Glorioso!
E se este coração arde d' ansiedade bem pungente
Quero eu sempre morrer na labareda intensa,
Que torna belo este viver que, ufano e presunçoso,
Bem lhe quer bem mesmo qu' esteja descontente!
Good things come to those who wait...
Há 10 anos
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